segunda-feira, 14 de abril de 2008

Governo quer comissão para acompanhar crise em Raposa Serra do Sol

Assunto foi discutido em reunião de coordenação entre Lula e ministros.

Fausto Carneiro Do G1, em Brasília

O governo vai formar uma comissão informal para acompanhar na Justiça o desenrolar da crise entre agricultores e índios na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. O tema foi um dos abordados na reunião de coordenação política realizada nesta segunda-feira (14) no Palácio do Planalto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alguns de seus mais próximos ministros.
A comissão pode contar com os ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa), além de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Advocacia Geral da União (AGU).
O conflito entre índios e não-índios foi amenizado após a chegada de homens da Polícia Federal à região, para garantir a segurança pelos próximos dois meses, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir se mantém a validade do decreto assinado em 2005 por Lula, que homologou a criação da reserva e determinou a retirada dos não-indígenas da área.

sábado, 5 de abril de 2008

Força Nacional auxilia ação da PF em reserva indígena Raposa/Serra do Sol

ANDREZZA TRAJANO
Colaboração para a Agência Folha, em Boa Vista
JOSÉ EDUARDO RONDON da Agência Folha

Integrantes da Força Nacional de Segurança chegaram ontem a Roraima para apoio à Operação Upatakon 3, da Polícia Federal, que prevê a retirada dos habitantes não-índios do interior da terra indígena Raposa/Serra do Sol. Além deles, mais agentes federais desembarcaram em Boa Vista.
O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), foi informado na noite de anteontem pelo Ministério da Justiça de que cem homens da FNS chegariam ao Estado.
A reportagem viu ontem soldados da Força Nacional de Segurança, fardados, em frente ao prédio da Superintendência da PF em Boa Vista.
O Ministério da Justiça, por meio da assessoria de imprensa, confirmou o envio de integrantes da FNS ao Estado.
O delegado da PF Fernando Romero disse que, por questões de segurança, não poderia informar o número de policiais que já chegaram ao Estado para a operação Upatakon 3.
Os protestos no interior da terra indígena continuam.
O município de Normandia (161 km de Boa Vista), que tem parte de seu território dentro da terra indígena, está isolado após manifestantes queimarem, na madrugada de ontem, uma ponte de acesso.
A ponte Conceição do Maú, sobre o rio Tacutu, é a principal entrada para Normandia. O protesto, sem autoria conhecida, deixou os cerca de 7.000 habitantes isolados.
A PF disse que foi informada sobre o caso, mas não tinha ido ao local até a tarde de ontem.
Segundo o vereador de Normandia Eduardo Oliveira (PSDB), a população não tem como deixar o município."A população está completamente prejudicada, pessoas que tinham consultas médicas em Boa Vista ou trabalhos em outro locais não puderam ir", disse Oliveira.
Os produtores de arroz do Estado, que se recusam a sair da terra indígena, decidiram parar as atividades por tempo indeterminado.
Desde o último final de semana, o clima de violência no interior da Raposa/Serra do Sol recrudesceu, com o desembarque em Roraima de agentes federais para dar início à retirada total dos habitantes não-índios que vivem no local.
A Polícia Federal não informa quando dará início à retirada dessas pessoas da terra indígena. A operação é para cumprir na totalidade a medida do governo federal que determinou aos 15 mil índios que vivem no interior da Raposa/Serra do Sol (área de 1,7 milhão de hectares no nordeste de Roraima) a posse e o uso da terra.
Com o decreto presidencial assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2005, ficou determinado que os habitantes não-índios que vivem no local, entre eles os arrozeiros, têm de deixar a área.
Crianças
O promotor da Vara da Infância e da Juventude de Boa Vista Márcio Rosa disse que o Ministério Público de Roraima constatou a presença de crianças e adolescentes em protestos ocorridos no interior da Raposa/Serra do Sol. "Se as crianças forem utilizadas como escudo, barreira, os responsáveis responderão criminalmente", disse ele