quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Campanha "Conte para a Ouvidoria - nós contamos com você" é lançada em Pernambuco


Jornalistas, comunicadores populares e radialistas de Pernambuco têm encontro marcado no próximo dia 29 de fevereiro, sexta-feira, das 10h às 14h, no Auditório Calouste Gulbenkian da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), para o lançamento da campanha radiofônica de apoio às Ouvidorias de Polícia no Brasil. A campanha, promovida pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com financiamento da União Européia, e parceria com a Oboré Projetos Especiais em Comunicações e Artes, tem como objetivo ampliar e implementar ações de comunicação que busquem apoiar, divulgar e popularizar a existência e o trabalho das Ouvidorias de Polícia junto à população, especialmente através do rádio.
O evento em Pernambuco contará com a presença de Isabel Figueiredo, diretora do Programa Institucional de Apoio à Ouvidorias de Polícia e Policiamento Comunitário da SEDH; Jean François Olivier, da assistência técnica européia do Programa Institucional de Apoio à Ouvidorias de Polícia e Policiamento Comunitário; Fernando Lyra, presidente da Fundaj e ex-Ministro da Justiça; Antonio Funari Filho, coordenador do Fórum Nacional de Ouvidores de Polícia e Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Amparo Araújo, Ouvidora Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e Ana Luisa Zaniboni Gomes, jornalista, pesquisadora, gestora executiva do projeto e autora do livro “Na boca do rádio: o radialista e as políticas públicas”. A campanha acontecerá nos 14 Estados brasileiros que contam com Ouvidorias de Polícia: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. A campanha já foi lançada em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Mato Grosso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Brasil terá comissão para combate à tortura em presídios

Vinicius Konchinski Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Uma comissão independente será criada até o final deste ano para vistoriar locais em que há cidadãos presos e combater possíveis práticas de tortura existentes nesses lugares. A informação é do coordenador-geral de combate à tortura da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Pedro Montenegro, que participou hoje (25) da abertura de seminário internacional sobre o tema na Universidade de São Paulo (USP).“A comissão vai vistoriar todo e qualquer local onde há pessoas privadas da liberdade e fazer relatórios que serão encaminhados às autoridades competentes, a fim de exigir melhorias”, afirmou Montenegro, em entrevista à Agência Brasil. “Estudos internacionais demonstram que visitas regulares a esses locais ajudam a criar ambientes seguros”, acrescentou.

A criação da comissão, informou, faz parte de um compromisso firmado entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU), em junho de 2006, e por esse acordo a comissão deve ser permanente e de caráter “público não estatal”, só atrelada ao governo para receber os recursos necessários a suas atividades.“O órgão vai resolver um problema muito grave do Brasil, que não conta com dados precisos, cirúrgicos, que auxiliem o combate desta prática nefasta", disse.Montenegro admitiu que, quase 60 anos depois da publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos e 20 anos após a promulgação da Constituição – que condenam a tortura –, a camada mais pobre da sociedade brasileira ainda sofre com abusos de policiais e agentes penitenciários, principalmente. “No Brasil ainda existem a tortura para obtenção da confissão e a tortura para castigo, que acontece quando a pessoa já está presa”, explicou.

De acordo com Montenegro, dois problemas básicos impedem a redução dos casos de tortura no país: o primeiro, a crença de parte da população que considera a tortura policial necessária para sua segurança, já que intimida os bandidos; o segundo, a dificuldade de punição dos torturadores. “Em casos concretos, quando é aberto um processo contra o torturador, quase nunca ele é condenado pela Justiça”, contou.

O seminário vai até quarta-feira (27), na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).

Sistema carcerário é prioridade na revisão de Programa Nacional de Direitos Humanos

Adriana Brendler Repórter da Agência Brasil

Brasília - Secretários de Direitos Humanos de vários estados participaram hoje (26) de reunião para discutir a atualização do Programa Nacional de Direitos Humanos prevista para o final deste ano. O documento foi criado em 1996 e revisado em 2002.
O item apontado como uma das prioridades a serem contempladas na elaboração de uma nova versão do programa foi a questão do sistema carcerário brasileiro, onde direitos humanos são freqüentemente violados.“Os secretários disseram que há um colapso no sistema penitenciário: super-população, violência interna, altíssima taxa de rebeliões. Isso não pode continuar” afirmou o ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), que presidiu a reunião.
Outro ponto discutido foi a necessidade de sensibilizar o Poder Judiciário para minimizar distorções que levam a violações de direitos humanos no sistema prisional. Segundo o ministro, os secretários voltam aos seus estados com a disposição de visitar os tribunais de Justiça e propor a ampliação do debate.
Para Socorro Gomes, secretária de Justiça e Direitos Humanos do Pará, é preciso encarar o problema – no estado, 80% dos detentos são provisórios e, segundo ele, estão carceragens inadequadas para a ressocialização. “Pessoas que roubaram uma TV ficam dois anos num presídio sem ser ouvidas”, disse, ao lembrar que o Poder Judiciário é peça fundamental para os direitos humanos e que a aplicação de penas alternativas poderia ser mais intensamente utilizada pelos juízes.
Ela também destacou como desafios no estado o trabalho escravo e a dificuldade de acesso da população, especialmente nos municípios do interior, ao registro de nascimento. Hoje, cerca de 30% dos paraenses não têm o documento.
Já a secretária baiana Marília Muricy disse que a agenda de diretos humanos no seu estado inclui a homofobia, a tortura e a exploração sexual de crianças e adolescentes, além do sistema carcerário. “A linha de frente da agenda é o combate à superpopulação carcerária e a humanização dos presídios”, afirmou. Ela também destacou a atuação dos juízes: "Eles são os aplicadores da lei e justiça sem consciência de direitos humanos é injustiça”.
Ela defendeu as penas alternativas como meio mais econômico e eficiente de devolver indivíduos produtivos à sociedade. E citou que um preso custa mais de R$ 1 mil por mês – em um centro de penas alternativas, o custo não chega a R$ 50.
Durante o encontro, também foi discutida a agenda de comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos a ser desenvolvida ao longo de 2008. Uma campanha nacional com ações para popularizar o tema e tornar acessível cada um dos 30 artigos da Declaração será lançada pela SEDH no dia 25 de março.
As peças publicitárias serão dirigidas principalmente à população de baixa renda, que será motivada a buscar informações sobre seus direitos e a exigi-los.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

SOBRE OS DIREITOS HUMANOS

Foi publicado hoje, n'O GLOBO de 24/02/2008 com o título de "Onde termina o político e começa o criminoso"

Gláucio Ary Dillon Soares
A polêmica sobre os direitos humanos passa por problemas de definição. Os"direitos humanos" adquiriram um significado muito restrito adotado por algumas organizações internacionais preocupadas com a violência e a violação dos direitos de qualquer pessoa somente pelo estado e seus agentes, em resposta às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial que, nas décadas seguintes, foi reforçada pela violência de alguns estados contra seus inimigos políticos internos. Organizações e programas foram criados e essas definições aprofundaram suas raízes. Essas definições limitam o significado original da Declaração Universaldos Direitos Humanos de 10 de dezembro de 1948. Se concentram no agente da violação, e não na violação, nem na vítima.

A inadequação cresceu e gerou conflitos porque deixa de fora a violência contra o estado e seus agentes, assim como a maior parte do crime e da violência que acontece no Brasil e no mundo, que é feita por indivíduos e por organizações fora do estado. Deriva de um conceito arcaico e eurocêntrico de estado. Nela, que deu origem ao conhecido binômio "estado e indivíduo", cada um no seu lugar e nada no meio, não há espaço para organizações não públicas, independentemente de tamanho e importância, e crimes cometidos, violentos ou não. É uma visão que começou limitada no espaço que parou no tempo.

No último século cresceram muito organizações intermediárias que superam, em tamanho, muitos estados e que também violam direitos humanos. Empresas como a Microsoft, com ativos superiores à soma dos PIBs de vários países latino-americanos, não encontram lugar nas teorias arcaicas da política, que dizer do estado. Elas produzem bens e serviços, contribuem para o desenvolvimento e, às vezes, violam direitos humanos e matam. A Union Carbide, uma grande multinacional, causou um desastre em Bophal, na Índia, em dezembro de 1984, quando uma fábrica subsidiária de pesticidas liberou 40 toneladas de gás tóxico que mataram entre três mil (dados confirmados, apenas) e mais de 15 mil (outra estimativa). Houve irresponsabilidade culposa: meses antes, cientistas da própria empresa alertaram para o risco de uma tragédia quase idêntica à que ocorreu; três anos antes, uma equipe de cientistas americanos também alertara sobre a ameaça deuma reação fora de controle na área de armazenagem. As mortes foram da ordem degrandeza da causada pelos ataques às Torres Gêmeas. Na definição arcaica, não é uma questão de direitos humanos. Então, o que é?

Empresas e sindicatos não são politicamente neutras e tanto as nacionais quanto as multinacionais participam da política de qualquer país, às vezes ilegalmente. Há, hoje, evidência sobre a participação da ITT no complot para desestabilizar e derrubar Allende. Sua contribuição manteve caminhoneiros e ferroviários em casa, sem trabalhar, contribuindo para a "crise do desabastecimento". A junção entre o público e o privado, às vezes, passa por pessoas. Há, também, um problema de limites nada claros entre o público e o privado: John McCone, membro da diretoria da ITT tinha comandado a CIA e serviu como ponte entre a empresa e a agência, coordenando os esforços para impedir a eleição de Allende e, depois, para derrubá-lo.

Há empresas cujos lucros superam o PIB de vários estados. Em 2006, os da Exxon Mobil, de 36 bilhões de dólares, foram maiores do que o PIB do Paraguai e os da Royal DutchShell, de 25 bilhões, superaram o do Uruguai. Algumas empresas empregam muito mais do que alguns estados. A Wal-Mart, em 2005, empregava um milhão e oitocentas mil pessoas, mais do que toda a população economicamente ativa adulta do Paraguai. Uma só empresa emprega mais do que um país. Todas tem segurança, própria e/ou terceirizada, seus espiões etc. Só não tem, formalmente, território. Tecnicamente, não podem violar direitos humanos.

A visão simplista "estado e indivíduo" exclui organizações poderosas entre os dois. É irreal e errada. A ênfase deriva de supostos arcaicos que forçam uma coincidência artificial entre os limites formais da geografia política e os do exercício efetivo do poder. Em todas as regiões, particularmente no Terceiro Mundo, há territórios que estão fora do controle do estado. Em alguns países com fortes antagonismos tribais, há áreas sob o controle de forças dissidentes - em alguns casos, por décadas. Há formas de organização política que controlam espaços formalmente sob a jurisdição do "estado nacional". As FARC são um exemplo. Manter a ficção da geografia política formal impede considerar os crimes e as violências cometidos por essas organizações como violações dosdireitos humanos.

Não são apenas organizações políticas que podem ocupar espaços dentro da geografia de um estado. As próprias FARC são, cada vez menos, uma organização político-revolucionária e, cada vez mais, uma organização de traficantes, o mesmo se aplicando às organizações de para-militares, opostas às FARC. O mundo se confronta com ações muito violentas de organizações terroristas,como a Al Qaeda. Embora sejam organizações hierárquicas com ambições político-religiosas, algumas das quais atuam em vários países, tão pouco podem violar direitos humanos. Por definição. Nações deixadas sem estado, graças a decisões do imperialismo europeu, como os curdos, e outras, graças à opressão de um estado, como os chechenos, praticam atos de terrorismo. São nações, com uma organização, que lutam por um estado que não existe, cometem e sofrem crimes e violências, que, não obstante, só são violações de direitos humanos quando elas as sofrem e não quando elas as executam. Por essa definição arcaica.

Não são, apenas, organizações políticas que controlam áreas formalmente dentro dos limites de um estado. Organizações criminais também o fazem e, da Colômbia ao Afeganistão é difícil dizer onde termina o político e começa o criminal. Em menor escala, o mesmo se observa dentro de áreas urbanas, quando organizações criminosas, sejam traficantes ou milícias, exercem certo controle e violam direitos da população residente.Os defensores dos direitos humanos são freqüentemente acusados de simpatizar com a bandidagem, hostilizando a polícia. Não é verdade. Trabalham coerentemente dentro de uma definição de direitos humanos, essa, sim, atrelada à condição de que o único agente capaz de violá-los é público. Está na hora de ampliá-la, analisando os direitos humanos como um direito de todos,que podem ser violados por qualquer indivíduo ou organização.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Pará prepara operação para retirada de madeira ilegal em Tailândia

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Tailândia
MATHEUS PICHONELLIda Agência Folha
O governo do Pará prepara uma megaoperação para retirada da madeira extraída ilegalmente e apreendida, no início da semana, em Tailândia (218 km ao sul de Belém).
O trabalho foi suspenso na terça-feira, devido a um confronto entre policiais e 1.000 pessoas contrárias à fiscalização.
O comando da tropa de intervenção da Polícia Militar na cidade informou que, desta vez, está preparado para conter manifestações envolvendo até 20 mil pessoas, número equivalente a quase um terço dos 67 mil habitantes do município.
No conflito do início da semana, uma ponte na entrada da cidade foi interditada por toras incendiadas jogadas na pista.
Manifestantes ainda depredaram o fórum da cidade e retiveram em uma serraria um grupo de fiscais estaduais e federais.
Hoje, os 200 policiais da elite da PM, deslocados de Belém para Tailândia, deram uma demonstração pública de força, na tentativa de desestimular eventual tentativa de organização de um novo protesto.
Portando coletes à prova de balas, escudos, armas pesadas --como metralhadoras-- e de efeito moral, PMs passaram o dia enfileirados em locais de grande movimentação. As passarelas de pedestres que cruzam a PA-150 foram ocupadas pelos policiais. Agentes da Polícia Civil circularam durante todo o dia em carros pretos.
Homens do serviço de inteligência da PM se infiltraram entre moradores, para detectar eventuais mobilizações. Até o início da noite, nenhum confronto havia sido registrado.
Segundo a Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), a retirada dos 13 mil metros cúbicos de madeira apreendidos --suficiente para lotar mais de 700 caminhões-- só será iniciada após trabalho de pacificação. Para isso, o governo pode adotar ações emergenciais.
De acordo com o secretário de Governo do Pará, Cláudio Castelo Branco Puty, a apreensão de madeira não necessariamente vai causar desemprego em massa na região, conforme argumentam os madeireiros. O governo do Estado quer cadastrar trabalhadores das madeireiras e distribuir 5.000 cestas básicas para ajudar quem eventualmente perder seus empregos, segundo a Sema.
Um leilão com a madeira apreendida será promovido pelo governo, o que deve render aos cofres públicos pelo menos R$ 4 milhões, segundo estimativa do governo. Metade do valor deve ser revertida em ações de requalificação profissional, e outra parte, para custear as operações e equipar agentes fiscalizadores.
Segundo o secretário, o objetivo é que a cada R$ 1 arrecado com o leilão, o governo invista R$ 0,50 em ações sociais.
Para as madeireiras e carvoarias, a Sema anuncia que agilizará os processos de licenciamento ambiental.
Os empresários alegam que a demora na concessão do documento os empurra para a ilegalidade. Segundo a secretaria, em Tailândia só há 22 madeireiras e seis carvoarias licenciadas. Outras 57 madeireiras e 40 carvoarias aguardam autorização.
Hoje, fiscais do Ibama transferiram para o Estado a responsabilidade pela guarda e movimentação do produto

domingo, 17 de fevereiro de 2008

AM: após desmatamentos, locais serão recadastrados

As 36 localidades da Amazônia Legal que sofreram mais desmatamento de agosto a dezembro devem ser recadastradas e regularizadas a partir de terça-feira, quando está prevista a publicação de instrução normativa pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
"Estamos abrindo um período para que todos os proprietários de grandes áreas tenham que ir ao Incra e ser recadastrados para poder continuar produzindo", disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, na sexta-feira.
As regras de recadastramento valem para imóveis rurais com mais de quatro módulos fiscais - acima de 400 hectares.
O objetivo é intensificar a fiscalização na área, inibindo situações irregulares que possam contribuir para o desmatamento.
"Queremos evitar que grileiros ou pessoas que estão ocupando áreas de forma ilegal possam obter crédito, por exemplo, a partir de documentação antiga e irregular, e continuar desmatando", disse o ministro.
Para recadastrar-se no Incra, o proprietário de imóvel rural de grande porte deverá apresentar a documentação da propriedade, os títulos e um mapa de geo-referenciamento que fornece os limites da terra.
Para Cassel, a regularização dos imóveis rurais acima de quatro módulos fiscais não deve causar impactos na concessão do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), já que a medida visa apenas os grandes proprietários, que não têm acesso ao programa mas ao crédito rural do Ministério da Agricultura.
Para os pequenos proprietários - com imóveis de até quatro módulos rurais - o ministro destaca que o Incra, há mais de dois anos, trabalha com a regularização cadastral das terras e com a legalidade da documentação.
A região da Amazônia Legal engloba oito estados - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantis - além de parte do estado do Maranhão, e totaliza uma superfície de, aproximadamente 5.217.423 km², o que correspondente a cerca de 61% do território brasileiro.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

UNODC lança manual de proteção a testemunhas

Ferramenta pode ajudar vítimas de tráfico de pessoas a se tornarem testemunhas em processos contra criminosos
VIENA, 14 de fevereiro - O Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) lançou um manual sobre "Boas Práticas em Proteção de Testemunhas em Processos Penais ligados ao Crime Organizado". A publicação destina-se a ajudar os Estados-Membros da ONU a desenvolver programas abrangentes de proteção a vítimas e testemunhas de crimes.
Vítimas e testemunhas
A publicação coincide com o Fórum Global da ONU sobre Tráfico de Pessoas, que ocorre na sede do UNODC em Viena, Áustria. Na fala de abertura do evento, o diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa, disse que "casos de tráfico casos freqüentemente não são investigados e julgados por falta de testemunhas. Temos de transformar vítimas em testemunhas para auxiliar a aplicação da lei. Este manual Pode ser um escudo para vítimas que são intimidadas por grupos criminosos - e que tentam impedir que a justiça seja feita."

Programas de proteção a testemunhas são considerados instrumentos fundamentais para o desmantelamento das redes de tráfico humano, bem como outras formas contra o crime organizado. A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e seus protocolos associados ao Tráfico Humano e Contrabando de Migrantes são marcos jurídicos para que os Estados tomem medidas para proteger as vítimas e testemunhas de ameaças, intimidação, de chantagem ou de lesões corporais.
Boas práticas
As boas práticas identificadas no manual incluem: identificação precoce de testemunhas vulneráveis e intimidadas; gestão das testemunhas pela polícia; proteção da identidade das testemunhas durante a audiência; e, se necessário, deslocamento constante.

As Boas Práticas do UNODC em Proteção às Testemunhas estão disponíveis a autoridades governamentais, legisladores, juristas, funcionários responsáveis pela aplicação da lei e da justiça no mundo inteiro. O objetivo é colaborar para que todos os países apliquem medidas concretas em seus Sistemas de Justiça e procedimentos operacionais. Começa nesta quarta-feira, 13 de fevereiro, o Fórum Global contra o Tráfico de Pessoas, em Viena, Áustria, na sede do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC).
Mais de mil integrantes do governo, do meio acadêmico, da mídia, de organizações internacionais, do setor privado e da sociedade civil - de mais de cem países - vão trocar informações e experiências sobre como enfrentar o tráfico humano. O Fórum será a plataforma para novas ações coordenadas de combate a esse crime. A capital austríaca também terá exposições e mostras de cinema para conscientizar o público.
As instituições interessadas em obter o manual devem entrar em contato com:
Ilias Chatzis
Coordenador de Projeto Seção Antitráfico
Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime UNODC - Viena, Áustria
Tel: (+43-1) 26060 5735
Fax: (+43-1) 26060 7 5735 E-mail: ilias.chatzis@unodc.org
Mais informações no Brasil:
Carolina Gomma de Azevedo (Carolina.Azevedo@unodc.org)
Assessora de Comunicação Escritório da ONU contra Drogas e Crime UNODC Brasil e Cone Sul
Tel: 61 3204 7206 www.unodc.org.br

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Desmatamento avança em reserva extrativista no Pará

Da Agência Estado

06/02/20080
9h53-A floresta amazônica continua sendo devastada. Dentro dos 358 mil hectares da reserva extrativista Renascer, em Prainha, no sudoeste do Pará, tratores e motosserras derrubam espécies nobres de madeira que são depois transportadas em balsas pelo Rio Uruará.
Segundo denúncia de movimentos sociais do Estado, à beira do rio, pátios de madeireiras estão cheios de toras. As madeireiras que agem na região aproveitam-se da ausência da fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para derrubar as árvores, até mesmo a noite.
Quem denuncia o que está ocorrendo é ameaçado de morte e expulso da reserva. Esse cenário está relatado em carta encaminhada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no último dia 23 de janeiro.
O documento é assinado por dez sindicalistas, dirigentes da Associação de Mulheres do Campo e da Cidade de Prainha, agricultores, colônias de pescadores e dois vereadores.
“Nós denunciamos as madeireiras à ministra e ao secretário de Meio Ambiente do Pará, Walmir Ortega, mas até agora ninguém tomou providência”, dizem os sindicalistas Wadilson Oliveira Ferreira, Maria do Livramento Batista, Antonio Paz Gomes, Rosemiro Gomes do Nascimento e Delfem Manoel Oliveira Ferreira. Segundo eles, nem a realização da consulta pública para a criação da Reserva Extrativista Renascer, que ocorreu no dia 13 de dezembro em Prainha, freou o ímpeto das madeireiras. Pelo contrário, só fez aguçá-lo. A devastação aumentou no começo do carnaval.
Hoje, as empresas estão com seus pátios abarrotados de madeira na beira do Rio Uruará. Um pedido de socorro ao Ibama de Santarém para fiscalizar a devastação na área deu em nada, de acordo com as entidades. Entre os dias 16 e 17 de janeiro, um helicóptero do órgão foi visto sobrevoando a cidade de Prainha, mas depois desapareceu.
“Temos certeza de que nas áreas onde a floresta está no chão os fiscais não apareceram”, afirmam os sindicalistas. Eles dizem ainda haver omissão de fiscais que trabalham na região.
“As ameaças de morte são constantes aos líderes comunitários. Se não bastasse, muitas dessas lideranças estão respondendo em juízo como se fossem elas as infratoras e devastadoras da Amazônia”, dizem.
O Ibama de Santarém informou que está agindo em Prainha, mapeando as áreas onde a floresta está sendo derrubada. As madeireiras, por sua vez, negam que estejam derrubando árvores dentro da reserva. E culpam os órgãos ambientais pela demora na liberação de seus planos de manejo, dizendo que isso está aumentando o desemprego na região. O secretário de Meio Ambiente não foi encontrado para tratar do assunto.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Holocausto e escravidão

Antigamente se diria que rendeu muita tinta a discussão sobre a proibição judicial do desfile de um carro alegórico da Viradouro que representaria os horrores do Holocausto. O carnavalesco Paulo Barros apresentou uma espécie de recurso a Liga da Escolas de Samba nele argumenta que:
A "execução da liberdade" é a quinta alegoria da Escola e percorre a avenida para lembrar que o extermínio pode ser a conseqüência do preconceito, da intolerância, do desrespeito à diversidade. Inicialmente concebida para representar um dos maiores genocídios da humanidade, o holocausto, o carro foi impedido de desfilar por mandato judicial da Federação Israelita do Rio de Janeiro no dia 31 de janeiro de 2008. Algumas reações de organismos nacionais e internacionais deixam clara a incompreensão de que o desfile das escolas de samba é um poderoso instrumento de divulgação de idéias, de sensibilização de corações e mentes de todo o planeta.
O carnaval foi apontado como "espaço inapropriado, em seu ambiente festivo", "desfile com música, mulheres e homens semi desnudos dançando alegremente face a recordação das vítimas do Holocausto", "um espetáculo abominável para os sobreviventes e suas famílias". É claro que houve a compreensão das intenções da escola, ou seja, alertar contra o genocídio de milhares de seres humanos. A alegoria enquanto escultura, se exposta em uma bienal de arte seria aceita. Na avenida, se torna inadequada. Outras formas de arte retratam o holocausto, como o cinema, o teatro e as artes plásticas. (grifo meu)
As salas de cinema e os salões dos museus são os espaços mais adequados para que o povo reflita sobre as barbaridades do homem? Considerar "escárnio" desfilar como tema tão contundente na Marquês de Sapucaí é descredenciar uma das mais importantes manifestações culturais brasileiras.
Esse é um dos pontos da discussão: o Carnaval pode ser considerado uma forma legítima de arte ao lado do teatro e das artes plásticas? Ou seja, mais do que o direito humano à liberdade de expressão o questionamento envolvia a legitimidade dos desfiles carnavalescos serem alçados a categoria de arte séria. Ou só nos museus, teatros, cinemas, academias de letras, universidades , galerias se pode debater o Holocausto?
A Vida é bela pode fazer comédia dentro de um Campo de concentação, mas a Viradouro não pode denunciar a intolerância?
Se é frívolo ou um "escárnio" tratar de assuntos trágicos no Carnaval porque nunca se impediram Escolas de Samba de desfilarem com carros alegóricos sobre a escravidão africana no Brasil?

Situação dos direitos humanos não melhorou na China a seis meses dos Jogos

Olimpíada - Último Segundo - Situação dos direitos humanos não melhorou na China a seis meses dos Jogos  Annotated


tags: china, direitos, humanos



"Direitos humanos na China, o outro lado da moeda".

Carnaval baiano 'é luta contra racismo', diz jornal alemão

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung afirma, em sua edição desta terça-feira, que "o Brasil negro ensaia um levante no carnaval de Salvador".
Em um artigo intitulado "A luta contra o racismo cordial", dedicado ao carnaval da cidade - descrito como "uma demonstração de beleza e auto-confiança negras" - o jornal diz que "atrás dos sons eufóricos do samba está um claro posicionamento político; o da exigência do fim do racismo".
O jornal diz que o carnaval, na forma como é celebrado por blocos como Olodum, Araketu e Ilê Ayê, e a tradição da capoeira, uma "filosofia em movimento" que é tema do carnaval de 2008 na cidade, hoje estão "a serviço da luta cultural contra o 'racismo cordial'".
"Não são as leis que discriminam as pessoas, como foi o caso na África do Sul, ou as instituições, como foi o caso nos Estados Unidos. O que põe por terra o mito da elogiada democracia racial no Brasil são as inúmeras proibições sutis, que excluem uma grande parte das pessoas da vida social", relata a reportagem.
"O racismo é uma realidade brasileira, que cai no esquecimento em meio às notícias sobre guerra de traficantes nas favelas e o crime organizado nas grandes metrópoles".
O jornal alemão acrescenta que existem "tendências racistas evidentes" no Brasil: "quem for jovem, do sexo masculino e negro morre cedo nas ruas brasileiras ou muitas vezes não sobrevive a uma estadia na prisão".
No carnaval de Salvador, a maior cidade africana fora da África e onde "ainda nos anos 70 os brancos tiravam as crianças das ruas quando os 'blocos afros' passavam", os "marginalizados são reis e os tambores negros assumem por seis dias o poder na cidade", diz o diário.
O jornal elogia o trabalho de conscientização e resgate da história feito pelos blocos, em uma cidade onde "cerca de 80% dos moradores são afro-brasileiros", mas "faltam os heróis negros nas salas de aula".

DEU NO BLOG DO NOBLAT

Cassol faz projeto para conter desmatamento em Rondônia
O governador Ivo Cassol, de Rondônia, fez uma meteórica passagem pelo camarote de seu colega Sérgio Cabral, no sambódromo, só para anunciar o seguinte: na próxima quarta-feira ele remeterá à assembléia legislativa projeto que agrava valor da multa a ser aplicada a donos de terras desmatadas ilegalmente.
O valor da multa passará a ser igual ao valor comercial da propriedade.O proprietário que não pagar a multa perderá sua terra que será aproveitada para projetos de reforma agrária.