quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vale confirma entrada na usina de Belo Monte

28/04/2011 18h45 - Atualizado em 28/04/2011 18h51

Vale confirma entrada na usina de Belo Monte

Investimento é estimado em R$ 2,3 bilhões.
Para empresa, aquisição ajuda a mitigar 'riscos no fornecimento de energia'.

Do G1, em São Paulo


A Vale confirmou nesta quinta-feira (28), após reunião do Conselho de Administração, que entrará como sócia no projeto da hidrelétrica de Belo Monte. A companhia vai adquirir até 9% do capital da Norte Energia (Nesa) – sociedade responsável pela implantação, operação e exploração da UHE Belo Monte. A parcela pertencia à Gaia Energia e Participações.

O investimento é estimado em R$ 2,3 bilhões e inclui o reembolso à Gaia pelos aportes de capital realizados na Nesa, além de aportes futuros de capital decorrentes da participação acionária adquirida.

"A Vale é uma grande consumidora de energia elétrica e investe em ativos de geração de acordo com suas necessidades de consumo, buscando reduzir custos operacionais de forma permanente e minimizar riscos de preços e disponibilidade de oferta", diz a companhia, em nota.

A mineradora tem participações em nove usinas hidrelétricas no Brasil, e possui três usinas na Indonésia, sendo que Estreito, no Brasil, começou a operar recentemente e Karebbe, na Indonésia, se encontra em fase final de construção com previsão de entrada em operação neste ano. A Vale possui ainda quatro pequenas centrais hidrelétricas no Brasil e outras cinco no Canadá. Em nota, a companhia informa que 45% do seu consumo global é satisfeito por geração própria.

A expectativa para os próximos anos, de acordo com a mineradora, é de expressivo aumento do consumo de energia elétrica, devido aos investimentos em projetos de mineração, o que deve ampliar o desequilíbrio entre demanda e oferta via geração própria.

"A aquisição de participação no projeto Belo Monte elevará o percentual de nosso consumo de energia atendido por geração própria e reduzirá o custo marginal de energia para a Vale, na medida em que o preço da energia a ser comprada da Nesa será inferior ao custo alternativo."

A mineradora destaca, ainda, que o investimento "contribui para a mitigação de riscos no fornecimento de energia" para as atividades no Brasil.

"A aquisição de participação no projeto Belo Monte é consistente com nossa estratégia de crescimento, contribuindo para a segurança energética da Vale e a criação de valor para seus acionistas como autoprodutora", disse, em nota, Roger Agnelli, diretor-presidente da Vale.

Anistia Internacional entrega abaixo-assinado a favor de indígenas


Anistia Internacional entrega abaixo-assinado a favor de indígenas Guarani-Kaiowá

Rio de Janeiro - O secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty, entregou quarta-feira, em Brasília, ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), um documento com mais de 20 mil assinaturas a favor da comunidade indígena Guarani-Kaiowá.   


 
Há quase dois anos que a Amnistia Internacional luta pela demarcação das terras da comunidade Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, onde cerca de 35 famílias da etnia foram expulsas em Setembro de 2009.  

 


 Actualmente, os membros da comunidade, entre os quais cerca de 80 crianças, moram em tendas improvisadas na beira de uma estrada.  


 
As assinaturas foram recolhidas em diversas partes do mundo, incluindo Europa, Estados Unidos e países do Mercosul.


terça-feira, 26 de abril de 2011

Tarso Genro decide reabrir as escolas itinerantes do MST


O governo Tarso Genro vai usar um argumento jurídico para autorizar a reabertura das polêmicas Escolas Itinerantes, que eram mantidas até 2009 em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul. As nove escolas que existiam foram fechadas em fevereiro daquele ano, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público (MP) e a Secretaria da Educação (SEC).

A reportagem é de Umberto Trezzi e publicada pelo jornal Zero Hora, 26-04-2011.

Ao saber que as escolas serão reabertas, o autor do pedido de fechamento em 2009, procurador Gilberto Thums, considerou a decisão "um escárnio". Entre as razões alegadas em 2009 para o fechamento das escolas do MST estavam o currículo próprio – pautado pela ótica de defesa de invasão de terras e outras ilegalidades – e também porque a prestação de contas de algumas delas não era fiscalizada e estava irregular.

O MST sempre cobrou a reabertura das escolas, defendida pelo PT, partido ao qual Tarso Genro é filiado. Assim que assumiu o Piratini, o governador determinou que a Procuradoria-geral do Estado (PGE) verificasse a legalidade do TAC. Os procuradores do Estado encontraram uma brecha legal que permite a volta das escolas: consideraram o termo de conduta nulo, porque ele deveria ter sido assinado pela governadora Yeda Crusius e pelo procurador-geral do Estado – e foi firmado apenas pela então secretária de Educação, Mariza Abreu, sem acompanhamento de procurador do Estado.

O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, está decidido a reabrir as escolas, mas isso não significa que elas funcionarão como eram. Até 2009, as escolas itinerantes funcionavam nos acampamentos e eram movimentadas de acordo com a mudança de área dos acampados (daí o termo itinerante).

Procurador diz que o MP não é contra as escolas

Mesmo tendo reduzido o número de acampados no Estado, 140 famílias permanecem em acampamentos, distribuídos por 13 municípios gaúchos.

– O programa pedagógico, que provocou muitos questionamentos, será reavaliado e possivelmente, reformulado. O currículo terá de ser adequado ao que determina a Secretaria de Estado da Educação. Além disso, será feito um levantamento para verificar quais devem mesmo existir e como será feita a contabilidade de cada uma – adianta um integrante da SEC.

O secretário-geral do Ministério Público Estadual, procurador Julio Finger, diz que um membro do MP deverá analisar se as escolas oferecerão ensino de boa qualidade. Ele adianta, porém, que o MP não é contra as escolas do MST – mesmo que o Conselho Superior do Ministério Público tenha recomendado, em dezembro de 2007, a retirada de crianças dos acampamentos do MST, o que incluía tirá-las das escolas itinerantes.

– Alguns colegas foram contra, mas isso não é posição da nossa instituição – afirma.

As escolas do MST eram mantidas por um convênio firmado com a SEC, que repassava cerca de R$ 15 mil mensais ao Instituto Preservar, ONG simpática aos sem-terra, para a contratação de 13 professores e 10 merendeiras. Desde novembro de 2008, no entanto, o repasse de recursos do governo estadual estava suspenso porque o instituto não enviava – como é obrigatório por lei – as planilhas de prestação de contas da contratação de pessoal desde julho daquele ano.

COMO FUNCIONAVAM

- O projeto de educação itinerante funcionou entre novembro de 1996 e fevereiro de 2009.

- Foram criadas nove unidades de ensino que funcionavam em locais improvisados, como galpões e estruturas de lona. Outros seis Estados onde o MST atua adotaram o modelo.

- Na época em que foram fechadas, as escolas itinerantes gaúchas funcionavam em acampamentos do MST nos municípios de Bossoroca, São Luiz Gonzaga, Sarandi, Passo Fundo, Júlio de Castilhos, São Gabriel, Nova Santa Rita, Tupanciretã e Canguçu. Eram chamadas de itinerantes porque acompanhavam os acampamentos conforme se deslocavam pelo Estado.

- As escolas ensinavam Educação Infantil, Ensino Fundamental e também a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental.

- Com o fechamento, cerca de 650 crianças foram transferidas para a rede pública de ensino a partir de 2 de março de 2009.

Terror no Riocentro: Após 30 anos, nova testemunha


Terror no Riocentro: Após 30 anos, nova testemunha

Homem viu Guilherme do Rosário manusear cilindro no Puma antes da explosão no Riocentro

Chico Otavio e Alessandra Duarte, O Globo

Na noite de 30 de abril de 1981, Mauro César Pimentel esqueceu a carteira no Fusca do amigo que o acompanhava no Riocentro. Foi buscar, e, na volta, passou pelo Puma que tinha ficado estacionado na frente do Fusca. Viu então o homem no banco do carona do Puma mexer numa espécie de cilindro que estava em seu colo. No banco de trás do carro, mais dois cilindros iguais ao da frente.

Mauro foi até onde tinha ficado seu amigo — e ouviram uma explosão, tão próxima a ponto de eles terem que se jogar no chão. Tinha acabado de passar para a História a bomba do Riocentro, que matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário — o homem no banco do carona que Mauro viu manusear o cilindro — e vitimou o capitão Wilson Machado, numa ação de insatisfeitos da direita com a então abertura política no país.

Mais tarde, diz Mauro, os cilindros do banco de trás sumiram. Na época, a imprensa chegou a publicar informações de que teria havido duas outras bombas dentro do Puma, que teriam sido desativadas por peritos no local.

Hoje corretor de imóveis, com 49 anos, Mauro Pimentel nunca havia contado sobre o que testemunhara. Resolveu falar após ver as reportagens publicadas pelo GLOBO anteontem e ontem revelando a existência de uma agenda de telefones de Guilherme do Rosário com nomes de integrantes dos meios militar e policial.

— Na época, eu tinha acabado de cumprir o serviço militar obrigatório e estava indo para a Polícia Militar. Até cheguei a comentar com um sargento do Exército do qual eu era mais próximo, e ele disse: "Se você quer seguir com a sua vida, nunca fale isso com ninguém". Nunca tinha falado nada nem para a minha mulher. Mas, agora, percebi que já se passou tempo suficiente, que eu podia falar sem que minha vida fosse prejudicada por causa disso — conta Mauro, que foi da PM de 1982 a 1996, quando pediu baixa para ir trabalhar como gerente de segurança em empresas da iniciativa privada.

Leia mais em O Globo


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Militar acusado de entregar jovens do Morro da Providência ao tráfico continua preso


Militar acusado de entregar jovens do Morro da Providência ao tráfico continua preso

Acusado de entregar três jovens do Morro da Providência a traficantes do Morro da Mineira, no Rio de Janeiro, o sargento do Exército Leandro Maia Bueno deve continuar preso. A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, indeferiu o pedido liminar da defesa que requereu a soltura do militar.

Maia Bueno está preso desde 15 de junho de 2008, ano em que aconteceu o crime. A defesa alega excesso de prazo na formação da busca. A relatora destacou que a medida cautelar que determinou a prisão não se mostra desarrazoada ou carente de fundamentação.

A ministra solicitou informações sobre o andamento da ação penal ao Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Os autos serão encaminhados então ao Ministério Público Federal. O mérito do Habeas Corpus será analisado pela 5ª Turma do STJ. Com informações da Assessoria de Comunicação do STJ.

HC 201.864


Comissão da Verdade (charge de Simch)

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http://sul21.com.br/jornal/2011/04/simch-55/

Mais da metade dos presos que passaram por Guantánamo são inocentes, revela Wikileaks


Mais da metade dos presos que passaram por Guantánamo são inocentes, revela Wikileaks

Os jornais El País,The New York Times e Washington Post publicam em seus sites na noite deste domingo (24/04) uma série de documentos secretos que revelam informações detalhadas sobre a base militar norte-americana de Guantánamo. Os três veículos tratam de fichas de 759 dos 779 presos que passaram pela prisão.

Com data entre 2002 e 2009, os registros revelam que o governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantánamo ilegalmente para obter informação dos detidos, independentemente de serem suspeitos ou não. Informam também que parte dos prisioneiros afegãos e paquistaneses eram inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dilma atrela diplomacia a direitos humanos

Dilma atrela diplomacia a direitos humanos

Em discurso no Itamaraty, presidente diz que tema será defendido 'sem concessões'

20 de abril de 2011 | 23h 00
Lisandra Paraguassu, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Em contraste com o tom contemporizador com países violadores dos direitos humanos adotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff mostrou nesta quarta-feira, 20, que o tema está no centro da política externa brasileira.

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Ed Ferreira/AE
Dilma e o ministro de Relações Exteriores Antonio Patriota, em Brasília

Apesar das preocupações com as reformas das instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas, ou com a sempre presente necessidade de atrair investimento e tecnologia para o País, Dilma declarou, no primeiro discurso sobre relações internacionais de seu governo, que o tema será promovido e defendido "em todas as instâncias internacionais sem concessões, sem discriminações e sem seletividade".

O discurso foi dirigido a uma plateia de formandos do Instituto Rio Branco e diplomatas, na cerimônia de conclusão de curso da turma de 2010 do instituto. Pela primeira vez, a presidente falou claramente sobre o que considera objetivos da política externa brasileira no seu governo. E afirmou que, apesar de ver a preocupação com os direitos humanos como algo que já existia no governo Lula, o assunto será, "mais ainda agora", uma preocupação do governo brasileiro.

Lula, escolhido paraninfo da turma, mandou um texto de apenas uma página, que foi lido pelo assessor para Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia. Nele, o ex-presidente louvou as ações do Itamaraty durante seus dois mandatos e definiu como mera "continuidade" de seu governo a gestão Dilma no campo da política externa.

A presidente deixou clara, também, a importância que dá à reforma das Nações Unidas, especialmente ao seu Conselho de Segurança - tema de interesse especial do Brasil, que espera, com essa reforma, obter uma vaga permanente no conselho. "No momento em que debatemos como serão a economia, o clima e a política internacional no século 21, fica patente também que, do ponto de vista da segurança, a ONU também envelheceu", sustentou a presidente.

Lembrando os recentes movimentos em busca de democracia nos países árabes, segundo ela apoiados pelo Brasil, afirmou que a solução para os conflitos, hoje em dia, não aceita mais "políticas imperiais, certezas categóricas e as respostas guerreiras de sempre".

Legitimidade. "Reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas não é, portanto, um capricho do Brasil. Reflete a necessidade de ajustar esse importante instrumento da governança mundial à correlação de forças do século 21", afirmou a presidente, para continuar: "Significa atribuir aos temas da paz e da segurança efetiva importância. Mais que isso, exige que as grandes decisões a respeito sejam tomadas por organismos representativos e, por essa razão, mais legítimos".

O ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, também deixou clara, em sua fala, a linha que o Itamaraty recebeu de Dilma: a necessidade de ser objetivo e de obter resultados concretos.

"De lá para cá (do início do governo) um caminho foi delineado e um estilo estabelecido pelo governo Dilma: a objetividade como critério, a firmeza na promoção dos interesses nacionais, a ênfase na busca de resultados concretos nos planos econômico, comercial e da inovação, a prioridade atribuída a parcerias capazes de contribuir para o aumento da nossa competitividade", disse o ministro.

Assim como - prosseguiu Patriota - Dilma deixou claro que pretende ver resultados concretos na política externa brasileira. "A palavra será e é sempre: reciprocidade", resumiu, acrescentando que o Brasil não precisa se envergonhar de ser um grande exportador de commodities, mas que quer expandir essa pauta. "Precisamos de mais investimentos recíprocos, mas esses investimentos têm de propiciar efetiva cooperação na área de pesquisa científica, tecnológica e inovação, e propiciar a devida transferência de tecnologia, de parte a parte", completou

15 MIL ENTUSIASTAS - "A INTERNET NA LUTA POR DIREITOS HUMANOS NO BRASIL"


15 MIL ENTUSIASTAS - "A INTERNET NA LUTA POR DIREITOS HUMANOS NO BRASIL"

Data: 20/04/2011

por Marcelo D'Elia Branco(*)

Estamos atravessando um período histórico de grandes transformações provocadas pela (r)evolução das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Esse período novo, que a humanidade está experimentando, provoca mudanças em todas as formas de relacionamentos existentes até então. É a superação da "era (puramente) industrial", provocada pela revolução tecnológica industrial dos séculos XVIII, XIX e XX, para a "era da informação"[1] provocada pela revolução das TIC's. Estamos vivendo uma transição global para as sociedades em rede.[2]

A Internet proporciona a cada cidadão uma capacidade de comunicação global através das ferramentas de mídias digitais e, por consequência, vem empoderando os indivíduos de forma inédita. As mídias digitais como Orkut, Facebook, Identi.ca, Twitter e Youtube, estão servindo de plataforma para a organização das mais diversas rede sociais. As redes sociais são as pessoas e não as ferramentas. Elas passaram a ser um novo espaço de convivência da humanidade.

Por consequência, passamos por uma grande mudança no cenário das comunicações, provocada não só pela revolução tecnológica, mas principalmente pela forma como os usuários da rede se apropriaram dessas mídias. A natureza da comunicação em rede é diferente da comunicação de massas (rádio, TV, jornal). A comunicação é interpessoal e com diferentes graus de interatividade. Pela primeira vez na história da humanidade, governos, empresas de comunicação, jornalistas, editores e público, por exemplo, estão interligados na mesma matriz de mídia. Cada cidadão, na rede, é sua própria mídia. Isso exige uma comunicação horizontal, sem hierarquia e com uma linguagem mais informal. É um espaço de escuta, compartilhamento, formulação e difusão das políticas públicas. Não é um espaço de simples transmissão de informações, mas de construção colaborativa dos conteúdos.

A Internet como um direito humano  - O criador da WEB, Tim Berners-Lee, declarou recentemente que o acesso à internet é um direito humano básico. "O acesso à Web é hoje um direito humano", disse ele. "É possível viver sem a web. Não é possível viver sem água. Mas se você tem água, então a diferença entre alguém que está conectado à web e faz parte da sociedade da informação, e alguém que (não está) Está crescendo cada vez mais. "[3]

Em 2005, durante a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, realizada em Túnis, surgiu a ideia de uma "Carta dos Direitos da Internet" tendo entre seus patrocinadores o chefe da delegação brasileira, o então ministro da Cultura Gilberto Gil,  integrantes do parlamento italiano e a ONG IPJustice.org. Essa ideia evoluiu e, recentemente nos marcos da ONU,  uma rede de indivíduos e organizações que lutam por direitos humanos na Internet, a IRP (Internet Rights and Principles Dynamic Coalition) – Coalizão Dinâmica por Princípios e Direitos Humanos - elaborou a Carta dos Direitos Humanos e princípios da Internet. "A internet oferece oportunidades sem precedentes para a consciencialização dos direitos humanos, e desempenha um papel cada vez mais importante nas nossas vidas diárias. Por conseguinte, é essencial que todos os intervenientes, tanto públicos como privados, respeitem e protejam os direitos humanos na internet", diz o documento. [4]

Os princípios são os seguintes:

1. Universalidade e Igualdade: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, que devem ser respeitados, protegidos e cumpridos no ambiente online.
2. Direitos e Justiça Social: A Internet é um espaço para a promoção, proteção e cumprimento dos direitos humanos e também da promoção de justiça social. Cada indivíduo tem o dever de respeitar os direitos humanos de todos os outros no ambiente online.
3. Acessibilidade: Todos os indivíduos têm igual direito de acesso e utilização a uma Internet segura e aberta.
4. Expressão e Associação: Todos os indivíduos têm o direito de procurar, receber e difundir informação livremente na Internet, sem censura ou outras interferências. Todos os indivíduos têm também o direito de se associar livremente, seja para fins sociais, políticos, culturais ou outros, na e através da Internet.
5. Privacidade e Proteção de Dados: Todos os indivíduos têm o direito à privacidade online, incluindo a liberdade de vigilância, o direito de usar criptografia e o direito ao anonimato online. Todos os indivíduos têm também o direito à proteção de dados, incluindo o controle sobre coleção, retenção, transformação, eliminação e divulgação de dados pessoais.
6. A Vida, Liberdade e Segurança: O direito à vida, à liberdade e à segurança na Internet devem ser respeitados, protegidos e cumpridos. No ambiente online esses direitos não devem ser desrespeitados ou utilizados para violar outros direitos.
7. Diversidade: A diversidade cultural e linguística na Internet deve ser promovida; técnicas e políticas inovadoras devem ser incentivadas para facilitar a pluralidade de expressão.
8. Rede de Igualdade: Todos os indivíduos devem ter acesso universal e aberto ao conteúdo da Internet, livre de priorização discriminatória, de filtragem ou controle de tráfego por motivos comerciais, políticos ou outros.
9. Normas e Regulamentos: A arquitetura da Internet, os sistemas de comunicação e o formato de documentos e dados devem ser baseados em padrões abertos, que garantam a completa interoperabilidade, a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos.
10. Governança: Os direitos humanos e a justiça social devem formar as bases legais e normativas sobre as quais a Internet funciona e é governada. Isto deve acontecer de forma transparente e multilateral, baseada nos princípios de abertura, participação inclusiva e de responsabilização.

O Twitter da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República  - Acompanhei, a menos de dois anos atrás,  a entrada da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) nas mídias sociais. Sigo, desde aquele momento, o Twitter da Secretaria. Acredito que este é um dos casos de maior sucesso no uso das mídias digitais por iniciativa do poder público e está somando muito para consolidação da rede social de Direitos Humanos no Brasil. Atualmente, o Twitter da SDH conta com mais de 15 mil seguidores e é a maior rede social de direitos humanos em língua portuguesa do microblog.

Considero, também, que os Direitos Humanos estão dentre as prioridades a serem tratadas na agenda política para a internet em 2010. Destaco os seguintes pontos:

Plano Nacional de Banda Larga, Marco Civil da Internet (um marco regulatório para a internet brasileira focada nos direitos), a Reforma da Lei do Direito Autoral e os Direitos Humanos na rede, como a luta contra exploração sexual de menores, por acessibilidade, contra o racismo, a xenofobia e a homofobia, por exemplo.

Estamos juntos nesta luta e parabéns ao time à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH).


[1] Era da Informação
http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_da_Informa%C3%A7%C3%A3o

[2] Sociedades em Rede – Manuel Castells
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Castells

[3] Berners-Lee: Web access is a 'human right'
http://www.networkworld.com/news/2011/041211-mit-berners-lee.html

[4] Internet Rights & Principles Coalition
http://www.irpcharter.org/


Marcelo D'Elia Branco(*) é ativista pelo conhecimento livre e profissional de Tecnologia da Informação


terça-feira, 19 de abril de 2011

Pastoral da Terra aponta estabilidade em conflitos agrários


O relatório 'Conflitos no Campo no Brasil 2010', divulgado nesta terça-feira pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), informa que o número de conflitos por terra permaneceu "praticamente estável" (854 em 2009 e 853 no ano passado), enquanto as ocupações e acampamentos diminuíram 38% (de 290 para 180), de um ano para outro. O número de novos acampamentos também permaneceu estável: 36 em 2009 e 35 em 2010.

De acordo com o relatório, os problemas de expulsão e ameaças de expulsão de trabalhadores, pistolagem, despejo e ameaças de despejo tiveram um "incremento significativo" de 21%, passando de 528, em 2009, para 638 em 2010. O maior número de conflitos por terra ocorreu no Nordeste (279 ou 43,7%), seguindo das regiões Norte (234 ou 36,7%), Sudeste (61 ou 9,6%), Centro-Oeste (37 ou 5,8%) e Sul (27 ou 4,2%). Sob o critério de regiões geoeconômicas, a Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos, sendo 46,2% nos Estados de Maranhão, Pará e Tocantins.

No ano passado, o número de famílias despejadas (9,64 mil) foi menor que o de 2009 (12.388). Também caiu o número de famílias expulsas das terras que ocupavam, de 1.884 para 1.216. Mas as ameaças de expulsão aumentaram de 10.423 para 18.625, de um ano para outro, assim como a ação de pistoleiros, de 9.031 para 10.274, um crescimento de 13,8%.

Os dados mostram que a diminuição das ações dos movimentos sociais foi acompanhada da queda das ações do Poder Judiciário (despejos e ameaças de despejo), "evidenciando a prática de aplicar os rigores da lei aos sem-terra". E "escancaram que o poder privado dos fazendeiros e empresários do agronegócio está sempre atuante e que nada pode deter os interesses do capital". A CPT conclui que "não é por causa da ação dos sem-terra que a violência no campo persiste".

Agência Brasil

CCJ aprova programa de proteção a defensores dos direitos humanos


CCJ aprova programa de proteção a defensores dos direitos humanos

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou há pouco o Projeto de Lei 4575/09, do Executivo, que institui o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH), no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O programa pretende garantir proteção similar à de testemunhas em casos criminais aos defensores dos direitos humanos que estejam sendo ameaçados em sua atividade. O texto segue agora para análise do Plenário.

O relator, deputado Luiz Couto (PT-PB), manifestou parecer favorável à proposta. Ele propôs que, caso a medida seja transformada em lei, a norma passe a ser chamada de "Lei Eduardo Valverde", em alusão ao ex-deputado que morreu recentemente em um acidente de trânsito e foi o autor do projeto original (PL 2980/04).

A reunião da CCJ ocorre no plenário 1.

Reportagem – Luiz Claudio Pinheiro
Edição – Marcelo Oliveira

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara de Notícias'

Matéria da Carta Capital analisa o Programa de Proteção a testemunhas

Burocracia "trava" serviço de proteção a testemunhas

O programa nacional de proteção a testemunhas, o chamado Provita, enfrenta dificuldades com o repasse de recursos em cerca de 20% dos 17 Estados que fazem parte do sistema. Entre eles, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Maranhão são os mais "problemáticos". Segundo o Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Ramaís de Castro Silveira, a burocracia para aprovar e liberar as receitas em algumas regiões do país interrompe o pagamento dos conveniados (instituições ligadas aos Direitos Humanos), em alguns casos, por meses. Isso coloca os participantes do programa – vítimas ou pessoas ameaçadas por colaborem com a justiça em uma investigação ou processo criminal – em dificuldades.

"Sem verba, não há como pagar os aluguéis das casas dos protegidos ou os funcionários, por exemplo. A estrutura para e isso recoloca a testemunha no seu risco original, que é o de morte", afirma o Coordenador do Centro de Apoio aos Direitos Humanos, instituição gestora do Provita no Espírito Santo, Bruno Alves de Souza Toledo.

No Brasil, o Sistema Nacional de Proteção a Testemunhas foi criado há 15 anos. Atualmente, a estrutura é composta por um Conselho Deliberativo diferente por Estado, que decide quais casos entram ou deixam o programa, um Órgão Executor (contrata advogados e psicólogos, por exemplo) e uma rede solidária de proteção.

Essa rede é formada por associações civis ligadas aos Direitos Humanos, que recolocam os indivíduos protegidos na sociedade de forma sigilosa. Cada Estado tem apenas uma instituição escolhida – por meio de uma audiência pública -, com as quais são feitos os convênios. O programa possui cerca de 1200 pessoas sob seus cuidados em todo o País.

Sem dinheiro. O atraso nos repasses às organizações gestoras do Provita pode deixar alguns integrantes do programa sem receber eventuais auxílios concedidos. "As entidades acabam criando maneiras de resolver esse contratempo e fazem empréstimos ou tentam doações para manter as famílias em condições mínimas", diz o secretário, completando que "quando um convênio acaba ou é transferido para outra instituição, estas podem ficar sem receber do governo por algum tempo". No entanto, ele garante que medidas para solucionar o impasse estão sendo tomadas pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que comanda o programa.

Quem define os benefícios concedidos às testemunhas é o Conselho Deliberativo estadual, que julga desde a necessidade de ajuda de custo a de abrigo. O secretário explica que cada caso é avaliado de forma diferente, e a ajuda financeira é a mais próxima possível do padrão de vida que a testemunha tinha antes de entrar no programa. "Claro, que se este for muito alto, não podemos comprometer a verba", acrescenta.

A incerteza em relação ao recebimento da verba é uma realidade assustadora para as instituições, segundo Toledo, que não enfrenta mais esse problema em seu Estado. "O fim do convênio e sua não renovação imediata deixa a organização gestora descoberta e com a necessidade de proteger as testemunhas. Não podemos deixar uma pessoa sem proteção até voltarmos a receber", afirma.

O coordenador afirma ainda que as gestoras já ficam sem receita no dia seguinte ao término do convênio. "Recebemos um valor X para as despesas do programa, se não o utilizamos totalmente temos de devolver e fazer um relatório dos nossos gastos. Não temos lucro, apenas executamos aquilo que foi passado".

Retornando à sociedade. O modelo utilizado pelo Provita para recolocar as testemunhas na sociedade conta com o apoio de instituições civis, que procuram levar o indivíduo, e eventualmente sua família, para um local onde possa se adaptar mais facilmente. "Esse modelo possibilita um resultado mais individualizado, analisando caso a caso", explica o secretário.

Para ele, a parceria com estas entidades é vantajosa para as testemunhas, porque tira do Estado o controle completo do programa. "Quando a iniciativa é feita totalmente pelo Estado, o indivíduo é retirado da sociedade por policiais, que muitas vezes são as pessoas responsáveis pelas ameaças".

Ponto de vista também defendido por Toledo. "A proposta com a participação de entidades da sociedade civil foi elaborada porque era difícil acreditar que o Estado, um dos maiores violadores dos direitos humanos, fosse capaz de assumir o direito de proteção a testemunhas. O Espírito Santo, por exemplo, era um Estado permeado pela corrupção e por grupos de extermínio".

Controle de gastos. Em 2011, o programa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos não sofreu com o corte orçamentário de R$ 50 bilhões. Com isso, a verba do Provita aumentou dos cerca de R$ 10 milhões, em 2008, para R$ 14 milhões, valor ainda abaixo do necessário para atender a demanda, segundo Ramaís de Castro Silveira.

Para controlar melhor a receita, está sendo desenvolvido um portal com um sistema de dados, que vai acompanhar as testemunhas protegidas, suas necessidades e reclamações. O sistema deve estar disponível até o fim ano, mas antes é preciso criar um mecanismo que garanta a segurança das informações armazenadas. O material será protegido por diversos níveis de acesso.

"Esse sistema vai permitir que acompanhemos os participantes do Provita, saber quantos são exatamente, além de possibilitar um melhor controle de gastos e planejamento", explica o secretário.

Com o controle mais rígido das despesas seria possível investir na melhoria da estrutura e torná-la mais forte. "Nós precisamos ampliar a rede para todos os Estados da federação, porque o Brasil é um país extremamente violento e as pessoas não denunciam por medo. Precisamos de um programa forte para enfrentar a violência e isso significa um aumento de receitas para aumentar o número de possíveis participantes", afirma Bruno Alves de Souza Toledo.

Para entrar no programa de proteção, além do comprovado risco à vida, o indivíduo também precisa aceitar certas condições, como a limitação do contato com parentes.

Gabriel Bonis

Pará lidera assassinatos em conflitos no campo, segundo CPT


19/04/2011 - 12h58

Pará lidera assassinatos em conflitos no campo, segundo CPT

FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

A Comissão Pastoral da Terra divulgou nesta terça-feira (19) um relatório que aponta 34 pessoas assassinadas em 2010 em consequência de conflitos no campo. Dessas mortes, 18 foram no Pará --em 2009, foram nove.

Metade dos assassinatos no Pará ocorreu por desavenças entre trabalhadores, nos municípios de Pacajá e Santana do Araguaia. Para a CPT, a tensão foi motivada por madeireiras.

A comissão, ligada à Igreja Católica, registrou 1.186 conflitos nos campos do país, dois a mais do que em 2009.

No Nordeste, o número saltou de 320 para 440. Bahia e Maranhão apresentaram o maior aumento, ainda segundo o relatório: no primeiro Estado, subiram de 48 para 91; no Maranhão, eram 112 em 2009 e 199 em 2010.

Em Minas Gerais, o número de conflitos subiu de 49 para 79.

Além das mortes, a CPT calcula que houve 55 tentativas de assassinato e 125 pessoas receberam ameaças de morte. Quatro foram torturadas.


Justiça determina extinção de Ação Penal movida contra presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA

Justiça determina extinção de Ação Penal movida contra presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA
 
 
 
O presidente e a vice-presidente da OAB/MA, Mário Macieira e Valéria Lauande, acompanhados do conselheiro Moreira Serra Júnior e do presidente da Comissão de Direitos Difusos e Coletivos da Seccional, Charles Dias, estiveram presentes hoje (18/04) ao 2º Juizado Especial Criminal de São Luís para o julgamento da Ação Penal movida contra o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Luís Antônio Pedrosa.
 
A ação foi movida pelo ex-secretário adjunto do Sistema Penitenciário do Maranhão Carlos James Moreira, sob a acusação de que o advogado Luís Pedrosa teria cometido crime de calúnia, resultando em seu afastamento do cargo em agosto de 2010.
 
No mês passado, a OAB do Maranhão divulgou Nota Oficial em defesa do presidente da Comissão de Direitos Humanos. O presidente Mário Macieira destacou a atuação corajosa da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, ao denunciar a existência de uma organização criminosa que, nos últimos anos, passou a ter o controle do tráfico de drogas, do tráfico de armas, da venda de proteção, da venda de benefícios no Sistema Prisional e, que segundo a apuração, está por trás da insuflação que levou às últimas rebeliões nas prisões do Maranhão.
 
Os juízes da Primeira Turma Recursal Cível e Criminal, Adinaldo Ataíde Cavalcante, José Gonçalo de Sousa Filho e Raimundo Nonato Sorocaba Martins Filho, decidiram conceber, por unanimidade, Habeas Corpus, de acordo com o parecer do Ministério Público Estadual e conceder ordem para determinar o trancamento da Ação Penal e sua conseqüente extinção. Luís Antônio Pedrosa teve como advogados de defesa o próprio presidente da OAB/MA, Mário Macieira e o presidente da Comissão de Direitos Difusos e Coletivos, Roberto Charles de Menezes Dias.
 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Empresas se reúnem para analisar o papel das corporações no respeito aos direitos humanos

Empresas se reúnem para analisar o papel das corporações no respeito aos direitos humanos

Conectas apresentou sua pesquisa sobre acesso à justiça para violações a direitos humanos por empresas no Brasil

08/04/2011

 

No último dia 31 de março, Conectas Direitos Humanos, Global Business Initiative on Human Rights (GBI), Instituto Ethos, Centro Regional de Apoio para América Latina e Caribe do Pacto Global e Levy & Salomão Advogados organizaram a mesa redonda "Direitos Humanos e Práticas Empresariais: Entendendo as Responsabilidades". O objetivo do evento, que aconteceu em São Paulo, foi discutir a responsabilidade das empresas na garantia dos direitos humanos.  Mais de 150 pessoas participaram do evento; a maioria era lideranças do setor empresarial. 
 
Durante o evento, a Conectas apresentou os principais resultados da pesquisa Acesso à Justiça em Casos de Violações aos Direitos Humanos por Empresas, realizada em 2010, no marco de um projeto da International Commission of Jurists (ICJ) . 
 
A pesquisa demonstrou que a legislação brasileira prevê remédios judiciais, "quase-judiciais" e administrativos que podem ser utilizados em casos de violações aos direitos humanos pelas empresas. Contudo, a utilização desses instrumentos enfrenta diversas barreiras, como o desconhecimento dos direitos, os custos do litígio, a morosidade da justiça, o desequilíbrio de poder e a dependência econômica das vítimas, entre outros fatores, que limitam a efetividade dos remédios disponíveis no Brasil. 
 
Por outro lado, a pesquisa identificou que um dos principais instrumentos utilizados em casos envolvendo empresas é o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pelo Ministério Público. No entanto, há necessidade avaliação mais detalhada da implementação desses acordos, o que será realizado pela Conectas nos próximos meses.  
 
O público se interessou pelo funcionamento da "lista suja" do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Brasil. Os participantes estrangeiros destacaram que este mecanismo é único e poderia servir de modelo para outros países combaterem o problema.
 
No encontro, também se discutiu a implementação dos Princípios sobre Empresas e Direitos Humanos, apresentados recentemente por John Ruggie, Representante Especial sobre o tema das Nações Unidas. Esses princípios se baseiam em três pilares: o dever do Estado de proteger os indivíduos contra as violações de direitos humanos, a responsabilidade das empresas de respeitá-los e, por fim, a necessidade de ampliação de acesso à justiça pelas vítimas.
 
O encontro ainda promoveu a discussão de temas de direitos humanos relacionados a setores empresariais específicos por meio de grupo de trabalhos. Empresas compartilharam seus desafios e dilemas sobre questões ligadas ao direito fundiário, trabalho escravo, atendimento de serviços básicos à população e liberdade de associação e apresentaram formas de incorporar o respeito aos direitos humanos em suas atividades cotidianas.

Corte de verba prejudica vigilância das fronteiras

Corte de verba prejudica vigilância das fronteiras

Queda do número de agentes da PF ameaça ações de combate ao narcotráfico

Posto policial é fechado na fronteira com o Peru; em Ponta Porã, agentes federais compram combustível fiado


O corte no orçamento da Polícia Federal para este ano afetou a fiscalização em regiões de fronteiras e as ações de combate ao narcotráfico e contrabando de armas.
O dia a dia das operações foi prejudicado devido à suspensão dos gastos com diárias para delegados e agentes, segundo os policiais.
Há relatos de problemas estruturais, como o fechamento de um posto na fronteira com o Peru, e da falta recursos para manutenção de carros, compra de combustíveis e coletes à prova de bala.
A redução vem na esteira do contigenciamento no Orçamento da União, determinado por decreto assinado em fevereiro pela presidente Dilma Rousseff.
No Ministério da Justiça, com orçamento previsto de R$ 4,2 bilhões para 2011, o corte foi de R$ 1,5 bilhão.
Agentes relataram à Folha que os cortes comprometeram a Operação Sentinela, feita com a Força Nacional de Segurança e a Polícia Militar nos Estados.
A ação combate crimes como tráfico internacional de drogas, entrada de armas, contrabando e imigração ilegal. Houve redução do efetivo desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul.
No Brasil, a atuação da PF nas fronteiras abrange uma linha de 16.399 km.
Projetos como o Vant, de fiscalização com um avião não tripulado, devem atrasar. No Pará, uma patrulha que monitorava o rio Amazonas em Óbidos foi retirada.
No Amazonas, o posto de Eirunepé, próximo ao Peru, não está funcionando desde o mês passado.
O superintendente da PF no Estado, Sérgio Fontes, disse que na fronteira com a Colômbia e o Peru a Operação Sentinela será levada apenas "até onde der". "O corte foi muito severo."

FIADO
Em Mato Grosso do Sul, a redução no efetivo chegou a 60% nas delegacias da PF de Corumbá e Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Segundo agentes federais, foram suspensas blitze preventivas nas rodovias.
Policiais que atuam em Ponta Porã descreveram à Folha um cenário crítico.
Carros estão parados por falta de manutenção e equipes estão comprando combustível fiado.
Com o contingenciamento, a maior parte do efetivo vindo de outros Estados teve de deixar a cidade. O sindicato dos policiais diz que a delegacia opera hoje com menos da metade do pessoal em relação a 2010.
Na fronteira do Rio Grande do Sul, outro importante ponto de combate à entrada de armas, também houve redução no número de policiais, segundo os agentes.
"Onde trabalhavam dois agentes, agora tem um", disse Paulo Paes, que preside o sindicato local dos policiais.
Em Porto Mauá e Porto Xavier, há quatro agentes para cobrir 150 km do rio que separa o Estado da Argentina.
Centenas de caminhões atravessam diariamente a fronteira, mas na prática o trabalho dos agentes se resume ao controle de migração.

Outro lado: Orçamento menor não impede ações, afirma ministro

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o corte orçamentário foi necessário "para a estabilidade do país". A Polícia Federal é subordinada ao ministério.
Cardozo negou, na sexta-feira, em Manaus, que haja problemas na fiscalização da PF nas fronteiras. "Não há nenhuma operação bloqueada. A Polícia Federal está trabalhando em ritmo normal. Portanto, não há problema."
Ele disse ainda ter "certeza absoluta" de que o corte não afetará "a prioridade do governo Dilma Rousseff, que é a segurança pública".
"É evidente que nós temos que fazer adequações, mas não há paralisação de atividade em hipótese nenhuma. Verba nós temos, não é a ideal, mas nós temos que buscar suprir a deficiência de verba com aquilo que é mais importante, a integração."
Cardozo falou que há discussões sobre um plano integrado com Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar nos Estados de fronteira, além da colaboração internacional dos países de fronteira.
O prazo de implantação do projeto de avião não tripulado na Amazônia passou para agosto, segundo o ministro.
A Folha procurou a direção da PF, mas o órgão informou que não se posicionará sobre os cortes.
Sobre as operações e os problemas na sua atuação, disse que poderia responder apenas hoje.

Fonte: Folha de S. Paulo - KÁTIA BRASIL - RODRIGO VARGAS - Colaborou GRACILIANO ROCHA
 

NOTA PÚBLICA SDH sobre o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita)

NOTA PÚBLICA | Sobre o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita)

Data: 15/04/2011



O Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, instituído pela Lei n.º 9807, de 13 de julho de 1999, é política pública que garante medidas de proteção a vítimas ou a testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal.

Diferencia-se dos programas de proteção existentes em outros países, principalmente, por afirmar os princípios da universalidade e interdependência dos Direitos Humanos, a medida em que conjuga ações de proteção, defesa e promoção dos direitos das vítimas e testemunhas ameaçadas ou coagidas, e por reconhecer o protagonismo e experiência das entidades de direitos humanos nas ações de proteção e acesso à cidadania dos atendidos.

O programa atua em 19 estados da Federação (Amazonas, Pará, Acre, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal), além dos estados de Roraima, Amapá, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Paraíba, Sergipe, onde a atuação é feita através do Programa Federal.

Atualmente, são aproximadamente mil as pessoas protegidas em todo o País. Os atendimentos prestados às vítimas e testemunhas ameaçadas e seus familiares são realizados por equipes multidisciplinares, formadas, basicamente, por advogado, assistente social e psicólogo, às quais cabe analisar a condição de vulnerabilidade e risco do núcleo familiar atendido e promover a proteção com a garantia da reinserção social.

O programa realiza, para além da promoção da segurança dos usuários, a construção de alternativas de vida para as vítimas e testemunhas protegidas após o término da proteção (cujo prazo máximo é de dois anos, conforme previsão legal), dentre as quais cabe destacar o encaminhamento ao mercado de trabalho, de acordo com as aptidões pessoais; a promoção de cursos de capacitação nas mais diversas profissões; a educação para crianças e adolescentes, e o acesso à moradia por meio das políticas públicas sociais da União, estados e municípios.

Todas as decisões relativas ao ingresso ou saída de usuários do programa são tomadas por um conselho deliberativo, composto, em sua maioria, por membros do Ministério Público, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, representantes das Secretarias de Justiça e Segurança Pública dos governos estaduais.  Outra tarefa que os conselhos exercem guarda respeito ao controle social da política, a medida em que acompanha os usuários durante sua permanência no programa.

Atualmente, a principal demanda do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas relaciona-se ao auxílio na resolução de crimes de alta complexidade como tráfico de drogas, crime organizado, grupo de extermínio, pedofilia e exploração sexual infanto-juvenil e tortura por agentes do estado, apresentando-se como imprescindível instrumento de enfrentamento à impunidade.

http://www.direitoshumanos.gov.br/2011/04/15-abr-2011-sobre-o-programa-de-protecao-a-vitimas-e-testemunhas-ameacadas-provita

A sentença do caso Guerrilha do Araguaia na Corte Interamericana: perspectivas para o seu cumprimento


  A sentença do caso Guerrilha do Araguaia na Corte Interamericana: perspectivas para o seu cumprimento
 
 

No dia 19 de abril, das 18:30 às 21hs, será realizada reunião com a presença de: Dr. Belisário dos Santos Júnios, Conselheiro da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Lei 9140/95 e renomado advogado que, à época da ditadura militar, defendeu presos e perseguidos políticos; Beatriz Affonso, diretora do programa do CEJIL no Brasil, entidade que litigou a Ação do caso, Guerrilha do Araguaia no Sistema Interamericano de Direitos Humanos; e Diva Santana, do Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia.

O objetivo desse evento é compartilhar informações sobre os principais pontos da sentença da Corte Interamericana e discutir os caminhos para o cumprimento da sentença, que implicam em mudanças estruturais legais e em políticas públicas, que venham a refletir na consciência da sociedade em relação aos fatos a serem esclarecidos, assim como a identificação e julgamento dos envolvidos nos crimes.

 

 

O evento será realizado no Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, sito a Rua General Labatut – Barris, no dia 19.04.2011 das 18 às 21 horas,

 

Salvador-BA, 12 de abril de 2011.

 

Grupo Tortura Nunca Mais-Bahia
Telefax: (71) 3328-4609/4102-2616


sexta-feira, 15 de abril de 2011

HOMOFOBIA E RACISMO NA AGENDA NACIONAL


HOMOFOBIA E RACISMO NA AGENDA NACIONAL


Nilton Luz é coordenador da Rede Nacional de Negras e Negros LGBT

Homofobia e racismo na agenda nacional
Texto: Nilton Luz

Racismo e homofobia são discriminações distintas em origens, formas e conseqüências. Há alguns dias, três casos ajudaram a explicitar as diferenças e semelhanças, e também a estabelecer as conexões entre elas e unificar a reação a todas as formas de desigualdade e intolerância. A primeira vítima foi um estudante negro, gay assumido e militante, estudando no interior do Rio Grande do Sul, covardemente agredido, preso e ameaçado de morte por policiais. Nas ameaças, racismo e preconceito regional explícitos.
Respondendo a pergunta da cantora Preta Gil, em caso de maior repercussão midiática, o homofóbico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou em programa de TV aberta que seus filhos não namorariam uma mulher negra porque "têm boa educação", associando a possibilidade da relação à promiscuidade. Assustado com a repercussão pública e ameaçado de perder o mandato, retrocedeu e tentou justificar-se com a versão de que confundiu a pergunta, imaginando tratar-se de "gays". Inúmeras declarações estapafúrdias do deputado têm se seguido àquela.
Não parou por aí. O também deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), afirmou pelo Twitter que africanos "descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé" e que gays têm "podridão de sentimentos" que "levam ao ódio, ao crime e à rejeição".
Nos três casos, a cara da opressão é o próprio Estado, personificado nos policiais e nos deputados federais. O Poder Executivo, responsável pela força policial, deve proteger os cidadãos e cidadãs, no cumprimento às leis aprovadas no mesmo Legislativo que abriga os dois deputados. Os casos exibiram o profundo fosso que o Brasil tem de superar para promover a cidadania de segmentos discriminados.
O crescimento da pauta LGBT na agenda pública brasileira teve o efeito colateral de organizar a oposição reacionária aos direitos dessa parcela da sociedade. Tornou-se a principal bandeira da bancada evangélica, obrigou um retrocesso na campanha de 2010 e tem tomado o espaço midiático que tiveram as cotas raciais na década passada. Do início do ano para cá, os casos de homofobia ganharam enorme visibilidade – lastreada, é bom que se diga, pelos casos de agressões na Avenida Paulista, que vitimaram jovens de classe média. Não se trata de uma coincidência apenas.
O assassinato de travestis ou de negras lésbicas e negros gays não costuma ganhar igual notoriedade. A homofobia, quanto praticada cotidianamente contra negros e negras, nas periferias das cidades e no interior do país, encontra no anonimato a receita da impunidade e o incentivo à reincidência. Os eventos, entretanto, jogaram luz sobre essa faceta da dupla discriminação. Pela primeira vez, a oportunidade de debater homofobia e racismo juntos, compreendendo suas imbricações. O assunto parece ter sido colocado, mesmo que momentaneamente, em debate nacional.
Os três casos demonstram as diferenças e semelhanças entre racismo e homofobia. Jovens de classe média agredidos estampam manchetes de jornais, mas o assassinato cruel de uma travesti negra de 14 anos não merece sequer uma nota de rodapé. Por sua vez, declarações racistas podem levar a processo de cassação de mandato parlamentar, mas as mesmas palavras ditas contra gays e lésbicas é tolerável. Nesse jogo, é difícil mesmo compreender o que é pior, entre duas discriminações. A única certeza é de que os negros e as negras LGBT sairão perdendo por todos os lados.
Mas existe um ponto positivo decorrido dos três atos deploráveis. Conseguiram unificar setores dos movimentos negro e LGBT, em geral avessos à solidariedade mútuas, em repúdio aos "ismos" e "fobias". Há de se admitir, no entanto, que o ponto de contato não foi apenas a defesa das vítimas. Apesar do estudante ser negro e gay assumido, e da cantora negra falar abertamente e orgulhosamente das experiências que viveu com outras mulheres, o principal elo de identidade foi a reação contra a postura racista e homofóbica dos deputados. Nem os skinheads obtêm tal façanha, embora suas vítimas preferenciais sejam justamente LGBT, negros e nordestinos, os três casos em voga. Diante disso, questiona-se se é possível que os movimentos sociais acumulem força para inverter situações desfavoráveis. A reação a Bolsonaro e seu recuo sinalizam que sim, e a capacidade de fazer alianças certamente contribui nas agendas comuns.
Negras lésbicas e negros gays, bissexuais, travestis e transexuais constroem uma espécie de ponte entre duas realidades distintas, que sofrem desigualdades diferentes. No esforço de corresponder à dupla identidade, costumam estar excluídas de ambas. O movimento de negros e negras lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais têm ainda uma grande caminho para avançar.

Retirado do site:

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência do Brasil cria GT para discutir povo Guarani com Mercosul


Secretaria de Direitos Humanos da Presidência do Brasil cria GT para discutir povo Guarani com Mercosul

Foi Publicado no Diário Oficial da União a constituição de Grupo de Trabalho formado pela Secretaria dos Direitos Humanos, o Ministério das Relações Exteriores e a FUNAI para elaborar proposta de criação de Grupo de Trabalho de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Guarani. Esta é uma demanda do I Encontro do Povo Guarani da América do Sul, realizado no Paraná em 2010.

A proposta será apresentada e debatida no âmbito da Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH) do Mercosul, e considerará sua instalação oficial garantindo espaço para a voz indígena Guarani nas discussões dos países membros: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O GT Brasileiro terá 120 dias para apresentar sua proposta e poderá chamar especialistas para contribuir ao relatório.

Fonte: http://acordaterra.wordpress.com/

Leia a publicação:

A MINISTRA DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, na qualidade de PRESIDENTE DO CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 4.319, de 16 de março de 1964, alterada pelas Leis nº 5.763, de 15 de dezembro de 1971, e nº 10.683, de 28 de maio de 2003 (com a redação dada pela Lei nº 12.314, de 19 de agosto de 2010), resolve:

N° 4 – Art. 1º Constituir Grupo de Trabalho, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), com o objetivo de elaborar proposta de criação de Grupo de Trabalho de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Guarani, que será apresentada e debatida no âmbito da Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH) do Mercosul, considerando sua possível instalação naquele foro internacional.

Art. 2° O Grupo de Trabalho terá a seguinte composição:

I – EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME ARAGÃO, conselheiro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, professor de Direito Penal, que o presidirá;

II – CARLOS EDUARDO DA CUNHA OLIVEIRA, conselheiro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, representante do Ministério das Relações Exteriores;

III – Representante do Ministério Público Federal; e

IV – Representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Parágrafo único. Poderão ser convidados a prestar colaboração ao Grupo de Trabalho especialistas, peritos e pessoas cujas habilidades e competência sejam necessárias ao bom desempenho das atividades a serem desenvolvidas.

Art. 3º O Grupo de Trabalho exercerá suas atividades por 120 (cento e vinte) dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo, uma única vez, devendo submeter relatórios parciais e relatório final ao plenário do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

Art. 4º A atividade desenvolvida no âmbito do Grupo de Trabalho é considerada serviço público relevante e não remunerado.

Art. 5° A Secretaria de Direitos Humanos e a CoordenaçãoGeral do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana prestarão o apoio administrativo necessário ao exercício de suas atribuições.

Art. 6º O presente Grupo de Trabalho ficará vinculado à Câmara Temática IV – "Assuntos Normativos e Estudos Legislativos".

Art. 7° Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

MARIA DO ROSÁRIO NUNES


sábado, 9 de abril de 2011

Iran Barbosa recebe equipe do Programa de Proteção a Defensores

Iran Barbosa recebe equipe do Programa de Proteção a Defensores

Na manhã desta sexta-feira (08), o secretário de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania, Iran Barbosa, recebeu, em audiência, membros da equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH) e a Procuradora-Chefe da Procuradoria Federal na Fundação Cultural Palmares, Dora Lucia de Lima Bertulio, que estiveram em Sergipe para acompanhar de perto questões relacionadas a ameaças sofridas por quilombolas na região do Baixo São Francisco e ao radialista Wilton Andrade, em Itaporanga.


A visita foi articulada pelo secretário Iran Barbosa, pela deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT) e contou com o apoio do Instituto Braços, de Sergipe. Além do secretário e da deputada, participaram da reunião, pela SNDH, Clarissa Rihl Jokowski, coordenadora geral do Programa de Proteção, e Oscar Gatica; Robson Anselmo, representando o Instituto Braços; Carlos Fontenele, pelo INCRA, e a Procuradora da República no Estado de Sergipe, Dra. Lívia Nascimento Tinôco.


Clarrissa Jokowski fez um extenso relato sobre as visitas feitas às comunidades quilombolas de Ladeiras (Japoatã), Caraíbas (Canhoba) e Brejão dos Negros (Brejo Grande), apontando inúmeros problemas de falta de infra-estrutura detectados nessas áreas, denúncias de intimidações permanentes perpetradas contra as comunidades quilombolas, como também atos de racismo e desrespeito contra os seus integrantes.


A coordenadora identificou, ainda, um problema de ordem geral em meio à população quilombola de Sergipe, que diz respeito à falta de informações, em relação às políticas voltadas para o atendimento a essas pessoas, o que provoca o fortalecimento da sensação de medo existente entre as mesmas.

"Creio que para enfrentar esse problema, é preciso ações de Educação em Direitos Humanos e a parceria entre a Secretaria do Estado e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos serão importantes", enfatizou.


Para o secretário Iran Barbosa, as informações trazidas pela equipe da SNDH se somam a muitas outras já coletadas ao longo dos últimos meses e que apontam para um acirramento das ameaças feitas a lideranças e comunidades quilombolas do Baixo São Francisco, inclusive alcançando a deputada Ana Lucia e integrantes da Cáritas Diocesana.

"No que diz respeito à identificação da ausência de ações específicas do Estado junto às comunidades quilombolas e, em função de o Ministério Público Federal ter ações que buscam assegurar a correção dessa falha, vamos buscar o diálogo com os secretários envolvidos para obtermos as soluções e os desdobramentos", afirmou Iran.


"Quanto aos atos relatados de intimidação e aos crimes de racismo contra o povo quilombola, a SEDHUC se compromete a ser um elemento facilitador na busca de punição contra os que praticam essas atrocidades. O nosso governo não vai tolerar esse tipo de crime contra os cidadãos quilombolas nem contra aqueles que defendem essas comunidades", deixou claro o secretário.


Sobre o radialista Wilton Andrade, deverá haver uma reunião para tratar especificamente do seu problema.


Adesão – A coordenadora do SNDH também destacou o interesse da SNDH em estender o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos para Sergipe.


De pronto, o secretário Iran Barbosa mostrou todo interesse em que Sergipe venha a aderir ao programa, afirmando que irá trabalhar para que isso venha a acontecer tão logo as condições permitam.


George Washington O. da Silva

 





quarta-feira, 6 de abril de 2011

Denúncia de execução em cemitério mostra falta de controle sobre a Polícia

Denúncia de execução em cemitério mostra falta de controle sobre a Polícia

Frederico de Almeida - 06/04/2011

Todo Estado moderno pressupõe o monopólio da violência legítima. Toda democracia pressupõe controles sociais efetivos sobre o uso desse monopólio, que deve ser exercido em respeito a direitos e garantias fundamentais do indivíduo. Quando falamos de segurança pública e polícias, o Estado brasileiro tem historicamente demonstrado sua incapacidade em atender a esses dois pressupostos.

Infelizmente, tivemos notíciarecente de mais um episódio que atesta essa incapacidade do Estado brasileiro em manter forças de segurança pública que façam uso legítimo da violência estatal, de acordo com os parâmetros garantidores do Estado de Direito. A execução sumária de um suspeito de crime pela Polícia Militar de São Paulo, em pleno dia, em cemitério na cidade de Ferraz de Vasconcellos, certamente soma-se a outros episódios corriqueiros semelhantes, e só teve destaque pelo inusitado da situação: arbitrariedade presenciada por testemunha civil, que imediatamente ligou para o próprio Centro de Operações da Polícia Militar (Copom, o famoso "190") e relatou a execução em tempo real, denunciando os policiais criminosos. Mais do que isso: ao ser afrontada por um dos assassinos fardados, que percebeu que a execução havia sido testemunhada, a denunciante desafiou o policial militar, cobrando-lhe explicações sobre o ocorrido.

O inusitado da situação está justamente na coragem da denunciante, que se valeu de um canal formal de comunicação de crimes mantido pela Polícia Militar para comunicar, como cidadã, o abuso e a arbitrariedade da própria Polícia Militar. E, se é triste que execuções como essa aconteçam cotidianamente e impunemente, é mais triste ainda pensar que a atitude da cidadã denunciante é exceção que, além de tudo, colocou sua própria vida em risco.

Na falta de controles institucionais efetivos que garantam a lisura e a correção da Polícia Militar, coube a um indivíduo exercitar a forma mais frágil de controle democrático: a "vigilância" cidadã de que falavam John Stuart Mill e Alexis de Tocqueville ao descreverem, em suas obras sobre a democracia moderna, as condições de funcionamento do regime democrático. A fragilidade dessa forma de controle, já evidente em sua precariedade institucional e no risco de extinção ante a apatia política dominante, torna-se ainda maior quando, para exercer essa "vigilância" sobre o poder, um cidadão se expõe diretamente ao risco de ter de enfrentar a força física do Estado, representada por um assassino fardado que atua à margem da lei.

No caso do cemitério de Ferraz de Vasconcellos, essa virtude cidadã, tão aplaudida pelos teóricos da democracia, apenas evidencia a falência de qualquer pretensão democrática para as políticas de segurança pública, e das formas institucionais de controle sobre as polícias. Por impotência, omissão ou conivência, governadores, secretários de segurança pública, comandantes de tropa e delegados-gerais têm se mostrado ausentes de suas funções de controle efetivo sobre os homens armados responsáveis pela segurança pública. Falha também o Ministério Público, que tem a função constitucional de fiscal da lei e de controle externo da polícia – e, nesse aspecto, é preciso lembrar que membros do Ministério Público estadual, muitos dos quais também ex-policiais, estenderam suas práticas punitivistas no interior da instituição para a função de Secretários de Segurança Pública que ocuparam nos últimos governos estaduais.

A postura cidadã da denunciante é, infelizmente, exceção em nossa prática democrática. A nossa dificuldade em lidar com o passado político autoritário, esclarecer os crimes praticados pelo Estado durante a ditadura e em extinguir a tortura nos aparelhos de segurança é a maior mostra disso. Para além do "grande" debate político midiático sobre Comissão da Verdade, anistia e tortura, nossa fragilidade institucional democrática na área da segurança pública afeta cotidianamente, e sem maiores alardes, a vida da população mais pobre da periferia das grandes cidades, vítima constante da arbitrariedade policial no uso da violência estatal. Não raro, policiais militares como os que executaram o suspeito de crime nesse episódio são condecorados por bravura ou mérito na realização de suas funções. Aos executados, inocentes ou não, cabe apenas comporem as estatísticas fraudulentas dos "autos de resistência" ou dos "homicídios de autoria desconhecida", que contabilizam as execuções praticadas pela polícia. Aos eventuais cidadãos que tenham coragem de enfrentar esses abusos e denunciar práticas criminosas por parte de agentes do Estado cabem, infelizmente, a reclusão e a perda de identidade em um programa de proteção a testemunhas – isso se a morte não vier antes.

Frederico de Almeida é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, professor da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e da Universidade São Judas Tadeu 

Edita o blog POLÍTICA│JUSTIÇA (http://politicajustica.blogspot.com)








terça-feira, 5 de abril de 2011

Relatora da ONU para o direito à moradia adequada vê remoção forçada para Copa e PAC

Relatora vê remoção forçada para Copa e PAC


O Estado de S. Paulo

 

ONU já encaminhou denúncias e aguarda resposta do Brasil; Rio nega irregularidades

 

Alfredo Junqueira / RIO - A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, vai divulgar nos próximos dias comunicado informando graves violações de direitos humanos no Brasil, com base em remoções e reassentamentos forçados de comunidades.

 

O documento vai apontar as obras para eventos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, e empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como os principais motivos para as violações. Segundo Raquel, uma carta de alegação (instrumento formal usado pelos relatores da ONU quando recebem denúncias) foi enviada em dezembro ao governo brasileiro, pedindo providências, mas não houve resposta.

 

Entre as violações de direitos mencionadas estão a exclusão das comunidades na definição sobre as remoções ou suas alternativas; a falta de informações do poder público aos moradores das favelas atingidas; o pagamento de compensações consideradas insuficientes e transferências de moradores para regiões distantes até 50 quilômetros.

 

"Posso comentar o quanto essas denúncias violam, do ponto de vista dos tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário, o direito à moradia adequada tal como ele é redigido nesses documentos", explicou Raquel ao Estado. "Já adianto que essa denúncia se refere ao Rio. Mas não apenas. Também se refere a várias outras cidades, como Fortaleza, São Paulo, Curitiba e Recife."

 

"Pacto". A relatora lamenta o que chamou de "pacto" entre os governos federal, estaduais e municipais para a Copa e a Olimpíada sem a definição de responsabilidades sobre reassentamento e compensações a famílias removidas. Para ela, há uma espécie de "estado de exceção" que se constitui a partir da realização de megaeventos esportivos. "É quando nenhum dos direitos e nenhuma das legalidades que foram duramente conquistados precisam ser respeitados, isso em função da celeridade das obras, comprometidas com o fato de as cidades serem sede dos jogos da Copa do Mundo, e, no caso do Rio, também da Olimpíada."

 

A ONG Justiça Global, em parceria com outras entidades, previa enviar, ainda ontem, documento com o relato de supostas violações de direitos de moradores em locais no Rio como Vila Autódromo, Vila Harmonia, Vila Recreio II e Restinga, entre outras. Essas comunidades deverão ser removidas para dar lugar a obras para a Olimpíada e um corredor expresso para ônibus.

 

Em nota, a prefeitura do Rio informou que "segue todos os trâmites legais" quando são necessárias desapropriações. "Nos casos de imóveis já desapropriados - muitos localizados em áreas públicas ou de risco -, as negociações foram feitas com tranquilidade e todas as famílias receberam indenizações ou foram inscritas no projeto habitacional Minha Casa, Minha Vida."

 

O Ministério das Relações Exteriores confirmou o recebimento da carta de alegação da ONU. A Secretaria de Direitos Humanos (SDH) informou, por nota, que as considerações da relatora especial estão na pauta da próxima reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), no dia 13.

 

TRÊS PERGUNTAS PARA

 

Raquel Rolnik, RELATORA DA ONU PARA O DIREITO À MORADIA ADEQUADA

 

1.Qual a principal irregularidade que vem sendo cometida?

As comunidades atingidas têm direito a participar e ser informadas sobre o processo de remoção ou reassentamento. Isso não ocorreu em nenhum dos casos que estudei. Não houve trabalho com as comunidades. Além disso, quando se define pela remoção, há sempre duas alternativas: reassentamento ou compensação financeira. Nesses casos, também há problemas.

 

2. Quais?

As compensações são sempre absolutamente insuficientes para que essas famílias tenham uma moradia adequada. São, portanto, uma verdadeira produção de novas favelas, novas áreas de risco ou de sem-teto. Nos casos de reassentamentos, o que a gente tem visto é que as propostas, em quase todos os casos, são para transferências para 40 ou 50 quilômetros de distância, violando gravemente o direito à moradia adequada.

 

3. O Brasil pode vir a sofrer algum tipo de punição por esses casos de violação?

Dependendo da gravidade e da reincidência das violações, o País pode até sofrer sanções. A Líbia é um exemplo. Antes de se definir pela ação militar, a Líbia recebeu sanções por parte do Conselho de Direitos Humanos. Quero crer, não só como relatora mas como brasileira, que uma correção de rumo no Brasil é oportuna e bem-vinda. E está em tempo.

 


domingo, 3 de abril de 2011

Organizações cobram cumprimento de sentença da OEA sobre crimes da ditadura

Organizações cobram cumprimento de 
sentença da OEA sobre crimes da ditadura

Carta foi enviada às principais autoridades do país, entre elas a presidente Dilma Rousseff

Agência Estado 

Um documento com mais de 600 assinaturas foi entregue a representantes dos três Poderes da República para cobrar o cumprimento de uma sentença em que a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro por crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).

A carta - enviada à presidente Dilma Rousseff, aos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Marco Maia, ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel - foi divulgada nesta sexta-feira (1º) no Rio de Janeiro. Na última semana, o abaixo-assinado chegou a receber adesões do exterior, principalmente de países latino-americanos.


No fim do ano passado, em decisão inédita, a Corte Interamericana, que pertence à OEA (Organização dos Estados Americanos), condenou o Brasil por não ter investigado crimes cometidos pela ditadura na repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.

Além disso, determinou uma série de medidas que precisam ser adotadas, como a busca pelos desaparecidos. Para a diretora do programa para o Brasil do Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional), Beatriz Affonso, a sentença não está sendo cumprida.

Segundo ela, o país é "absolutamente contraditório" quando acena com uma nova política de direitos humanos no plano internacional, mas se recusa a cuidar de seus próprios problemas.

- Não dá para dizer para os outros que a ditadura deles não é razoável, mas que a nossa pode.

O recolhimento de adesões para a carta foi articulado por pessoas e entidades que trabalharam no processo levado ao sistema interamericano, que resultou na condenação brasileira.

Em 30 dias, foram recebidas 661 assinaturas: 175 de familiares de mortos ou desaparecidos políticos e ex-presos e perseguidos políticos; 102 de entidades da sociedade civil, nacionais e internacionais; e 384 de intelectuais, juristas, acadêmicos, artistas e defensores de direitos humanos.

Segundo Beatriz, a coleta vai continuar. A ideia é que, a cada 100 novas firmas acumuladas em cada uma dessas três categorias, o documento seja novamente encaminhado às principais autoridades do país. Uma versão do texto em espanhol começou a circular internacionalmente entre ONGs de outros países.

O processo da Guerrilha do Araguaia foi movido pelo Cejil, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo. 

A alegação é de que ao menos 70 pessoas, entre militantes do PCdoB e camponeses, foram vítimas de detenção arbitrária, tortura, execução e desaparecimento, e que o Estado brasileiro não apurou os crimes. 

Na sentença, o tribunal da OEA diz que a Lei de Anistia, de 1979, não pode ser usada para impedir a investigação e punição de crimes contra direitos humanos.