quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Manfred NowakImage by Phil Strahl via Flickr

23 de dezembro de 2009 • 15h52


O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Tortura, Manfred Nowak, defendeu nesta semana em São Paulo a criação de um Tribunal Mundial de Direitos Humanos vinculado à ONU. O relator é autor e coordenador de um estudo sobre a criação do tribunal.

Nowak, que também é professor de direito constitucional e direitos humanos da Universidade de Viena, foi um dos cinco autores do Relatório da ONU sobre a tortura na base naval norte-americana de Guantánamo, em Cuba.

De acordo com o relator, os direitos humanos não encontram na atualidade guarida em um tribunal que tenha abrangência mundial. Há apenas tribunais locais, como o tribunal da Organização dos Estados Americanos (OEA), o tribunal Africano de Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos Humanos.

"Se você olhar nas Nações Unidas, vemos que ainda estamos na Guerra Fria nessa questão dos direitos humanos. Não nos damos conta que a Guerra Fria acabou em 1989, há 20 anos. E nós nunca chegamos ao nível de um tribunal de direitos humanos", afirmou Nowak, que participou na capital paulista da Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos.

Segundo o relator, uma das principais conclusões do estudo coordenado por ele é que, apesar de boa parte dos países possuírem leis de defesa dos direitos humanos, as pessoas que têm seus direitos violados não têm acesso a Justiça.

"Nós chegamos à conclusão de que milhões de seres humanos não têm acesso à Justiça. Não há regra ou lei para eles, não há forma de eles conseguirem lutar por seus direitos. Nós sentimos que tínhamos que fazer alguma coisa e chegamos a essa recomendação de se criar uma corte internacional para reduzir e estreitar esse vazio entre ter o direito e poder defendê-lo", disse.

A proposta defendida por Nowak inclui também a criação de um fundo para apoiar os países a melhorarem seus sistemas de acesso à Justiça.

O tribunal poderá receber denúncias provenientes de uma pessoa, uma organização não governamental ou grupo de indivíduos que declarem ser vítimas de violência. O tribunal mundial deverá ter alçada sobre organismos não estatais, tais como corporações empresariais e grupos rebeldes, as Nações Unidas e outras organizações intergovernamentais. Os Estados-Partes serão obrigados a fazer cumprir as sentenças e oferecer reparação, conforme com decidido pelo tribunal.

A iniciativa da realização de um estudo sobre a criação de uma corte internacional de direitos humanos partiu do governo suíço, que selecionou Nowak para coordenar a pesquisa. O estudo levou em conta os atuais estatutos de cortes nacionais e internacionais, tais como o Tribunal Criminal Internacional (ICC), o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ), o Tribunal Interamericana de Direitos Humanos (ACtHR), o Tribunal Africano de Direitos Humanos e das Pessoas (AfCtHPR), o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (ECtHR) e o Tribunal Europeu de Justiça (ECJ).


Agência Brasil
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Novo Programa Nacional de Direitos Humanos

 :: Paulo Vannuchi

Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

No mês de aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o Brasil ganha nova versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que atualiza e amplia as versões anteriores. Como passo adiante nessa jornada histórica de fortalecimento da democracia, um destaque do PNDH-3, lançado agora por decreto do presidente Lula, é que 30 ministérios assumem o compromisso de trabalhar por seu cumprimento, reforçando a visão de que a promoção dos direitos humanos é responsabilidade que interliga todas as áreas de governo e constitui verdadeira política de Estado, com ações que se projetam em recomendações ao Legislativo, ao Judiciário e ao Ministério Público e planejam intervenções conjuntas entre União, Estados e municípios.

Nessa atualização do PNDH, coube papel decisivo aos movimentos sociais, ONGs e organismos vinculados à defesa dos direitos humanos. É de suas demandas, pressões e cobranças que o Estado redemocratizado vem colhendo, crescentemente, formulações para compor as políticas de governo. Políticas que, na área dos direitos humanos, buscam superar o cenário ainda intolerável de violações no cotidiano nacional.

A afirmação dos direitos humanos requer interação democrática entre poder público e sociedade civil, onde são inevitáveis as tensões, divergências e disputas. Mas o esforço perseverante valeu a pena. As resoluções da 11° Conferência Nacional dos Direitos Humanos, que foi precedida por 137 eventos municipais ou regionais, reunindo 14 mil pessoas, compuseram o esqueleto básico do programa, ao qual se agregaram propostas centrais de 50 conferências nacionais temáticas, realizadas desde 2003, sobre igualdade racial, direitos da mulher, segurança alimentar, crianças e adolescentes, juventude, segurança pública etc.

Foram necessários meses de costura política entre representações da sociedade civil e membros dos poderes públicos, assim como entre diferentes áreas de governo. O produto final é um documento consistente. Sua concretização, ao longo dos próximos anos, é o desafio que se abre a todos, não importando quem vença as disputas eleitorais de 2010.

Estruturado em seis eixos orientadores, o PNDH-3 constrói nada menos que 521 ações programáticas. São arrolados os ministérios responsáveis por tais ações e apresentadas recomendações aos demais poderes republicanos, bem como aos entes federados estaduais e municipais. Sendo impossível selecionar aspectos mais importantes do novo PNDH, cabe registrar três pontos muito promissores desse roteiro atualizado para fortalecimento da vida democrática e da cultura de paz no Brasil.

Um deles é tratar a questão da segurança pública como um direito humano de primeira grandeza, rompendo bloqueios do período ditatorial, em que a polícia sempre estava associada à repressão e ao medo. O PNDH-3 desdobra todos os fundamentos do Pronasci, concebendo mudanças que levam as novas corporações policiais a se verem como defensoras de direitos humanos.

Um segundo realce está na prioridade atribuída à chamada educação em direitos humanos, visto que só viveremos numa sociedade onde prevaleça o respeito ao outro e a valorização da igualdade na diversidade se, desde muito cedo, cada cidadão se formar nesse espírito de fraternidade e solidariedade.

Por fim, o governo do presidente Lula estabelece no PNDH-3 seu compromisso formal de enviar ao Congresso, até abril, projeto de lei instituindo, finalmente, uma Comissão Nacional da Verdade, conforme já aconteceu na maioria dos países vizinhos que também viveram violentas experiências de ditaduras repressoras.

Despida de sentimentos revanchistas, a Comissão da Verdade cuidará de apurar todas as violações de direitos humanos ocorridas no âmbito da repressão política, sobretudo durante o regime de 1964, para que seja feito o processamento histórico, político, ético e — se assim decidir o Poder Judiciário — também criminal, de todos os episódios de tortura, assassinatos e desaparecimentos de opositores políticos registrados naquele período.

Não para sangrar feridas do passado, mas para garantir a necessária cicatrização em espírito de reconciliação, somente possível com o resgate da verdade e investigação pública de todos os fatos. Não para retornar à violência odiosa daquele período, mas para preveni-la. Para que ninguém esqueça. Para que nunca mais aconteça.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Perseguição no RS é comparada a práticas da ditadura

A Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos (CDDPH), órgão ligado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), apura tentativas de criminalização dos movimentos sociais no Rio Grande do Sul. O relatório final aponta para 28 recomendações a instituições dos governos estadual e federal e para o Ministério Público Estadual. O documento foi apresentado em uma audiência pública na Assembléia Legislativa gaúcha, no dia 26 de novembro.

O texto é resultado de dois anos de investigações da Comissão, criada após denúncias do deputado federal Adão Pretto (PT-RS), morto em fevereiro, sobre a criminalização dos movimentos sociais por parte da Brigada Militar (a Política Militar do RS), do Ministério Público Estadual e do governo estadual. O trabalho foi realizado com base em ações da Brigada Militar, depoimentos de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da entidade patronal Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), de representantes da sociedade civil e de movimentos sociais urbanos.

De acordo o secretário adjunto da SEDH Rogério Sottili, a Comissão comprovou que ouve um aumento das ações violentas da Brigada Militar a partir de 2005. Além disso, Sotilli aponta que a Nota de Instrução Operacional 006.1, instituída em 2007 no governo de Yeda Crusius (PSDB), identifica os movimentos sociais como organizações criminosas. "É a partir dessa Instrução que a Brigada Militar começa a abordar os movimentos sociais dessa forma, é de uma gravidade sem tamanho, uma gravidade que nós não assistíamos no Brasil desde a derrubada da ditadura militar, pois são práticas autoritárias, que nós, e a sociedade brasileira como um todo, não queremos mais ver no Brasil", avalia.

No documento constam também as declarações do procurador Gilberto Thums sobre o MST. Ele foi um dos promotores que aprovou um relatório do Conselho Superior do Ministério Público gaúcho que pedia a dissolução do movimento. Conforme entrevista do procurador ao Diário da Manhã, "o MST é um braço de guerrilha da Via Campesina". Para os membros da Comissão Especial, as ações de criminalização e identificação de integrantes de movimentos sociais são um atentado ao Estado Democrático de Direito.

Violência crescente

O relator do documento e coordenador-geral do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da SEDH, Fernando Matos, alertou que há um avanço da repressão por parte da Brigada Militar nos últimos quatro anos. Na conclusão de seu relatório, Matos aponta que há, de fato, indícios de criminalização dos movimentos sociais do campo e da cidade por parte dos poderes locais. Ele afirmou ainda que os fatos mais recentes, as torturas registradas na ação de reintegração de posse da Prefeitura de São Gabriel e o assassinato do sem-terra Elton Brum da Silva, em agosto, mostram a gravidade do problema.

Conforme o relator, desde a tragédia de Eldorado dos Carajás, em 1996, ninguém havia sido morto pela polícia em operação semelhante. "Não ocorriam mortes causadas pela polícia militar em reintegração de posse em nenhum estado desde 1996. Ao contrário, a Ouvidoria Agrária Nacional produziu um manual de reintegração de posse pacífica e mediada e a Brigada Militar foi a única polícia estadual que não assinou essa iniciativa em nível nacional. Então nós nos preocupamos bastante, porque no nosso entendimento, se há a constatação de criminalização, a gente não pode permitir que isso se aprofunde e resulte em tragédias e perdas de vidas", analisa.

Saídas

Matos aponta no relatório a necessidade da criação de uma Comissão Estadual de Mediação de Conflitos Agrários; a revogação pelo Comando Geral da Brigada Militar, da Nota de Instrução Operacional nº 006.1; a suspensão pela Brigada do processo de fichamento de lideranças dos movimentos sociais; a recomendação à Brigada que adote o Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse coletiva, da Ouvidoria Agrária Nacional; e a garantia às crianças dos acampamentos do MST do acesso à educação, à saúde e à alimentação. Além disso, recomenda ao Ministério Público Federal que analise a possibilidade de denunciar, por crime de tortura, os atos praticados pela Brigada Militar na madrugada do dia 12 de março de 2006.

O documento apresentado na Assembléia Legislativa ainda relata outros casos de truculência da polícia. O relatório faz referência a desocupação da fazenda São João da Armada, em Canguçu, em 2008 na qual a Brigada revida com intimidações e humilhações. No mesmo ano, foram registrados atos de violência contra os manifestantes da Marcha dos Sem, no Parque Harmonia, em Porto Alegre. No documento ainda estão apontados o cerco às festividades dos 25 anos do MST e a norma do Ministério Público Estadual, em fevereiro de 2009, de fechar as escolas itinerantes do movimento.

Entretanto, para o MST, as recomendações do relator não podem ficar somente no papel. De acordo com Cedenir de Oliveira, da coordenação estadual do MST, o relatório é importante pois reafirma as denúncias que o movimento já havia feito. Mas, de acordo com Oliveira, somente o relatório não resolve o problema da criminalização. "Por um lado ele é importante, pois revela e reafirma as denúncias do movimento. Agora, não podemos esperar que somente o relatório irá resolver os problemas da criminalização no RS. Precisamos de uma postura mais ativa e neste momento nós estamos cobrando que o MPF assuma esse papel e toque adiante essas denúncias", afirma.

Fonte: MST



Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

sábado, 28 de novembro de 2009

Testemunha de acusação contra suspeito de assassinato de irmã Dorothy é baleada

da Agência Brasil

Uma das principais testemunhas de acusação contra um dos investigados pelo assassinato da irmã Dorothy Stang sofreu um atentado no último dia 26, no município de Anapu, no Pará. Apesar de ter levado diversos tiros nas pernas, na cabeça e na boca, Roniery Bezerra Lopes não morreu, e está em estado grave, internado em um hospital da região.

A informação foi passada hoje (28) à Agência Brasil pela Irmã Jane Dwyer, da mesma congregação da irmã Dorothy.

O atentado foi cometido menos de três horas após Roniery ter recebido intimação da Justiça para ser testemunha de acusação contra Regivaldo Pereira Galvão, no caso que investiga fraudes, uso de laranjas e falsificação de documentos para esconder a grilagem do lote 55, local onde a Irmã Dorothy foi assassinada e centro dos conflitos agrários na região.

Durante o julgamento pela morte da Irmã Dorothy, Regivaldo havia alegado não ter nenhum tipo de vínculo com o lote 55. No entanto, em 2008 ele passou a dizer ser o dono do lote, apresentando à Polícia Federal diferentes versões sobre como teria adquirido as terras.

Um inquérito foi aberto e a PF acabou comprovando a falsificação documental, o que levou à abertura de novo processo em fevereiro de 2009 contra Regivaldo, para quem Roniery trabalhava.

Apesar de ainda não ter sido notificado sobre atentado, a assessoria do MPF (Ministério Público Federal) no Pará informou que Roniery participava das negociações envolvendo a área.

Muitos detalhes sobre o atentado ainda precisam ser esclarecidos. Apenas a irmã Jane se dispôs a dar detalhes, a partir de conversas que teve com outras pessoas.

"Ele [Roniery ] recebeu a intimação entre as 18 e 19 horas, e o atentado ocorreu por volta das 21 horas", explica a irmã Jane. "A informação que tive foi de que foram muitos disparos afetando inclusive a espinha. Quanto ao tiro na boca, é uma prática comum daqui para passar uma mensagem clara a quem faz denúncias", acrescenta a religiosa que, assim como Dorothy, tem origem norte-americana.

Irmã Jane disse que, no momento do atentado, Roniery estava acompanhado de uma mulher e uma criança. "Parece que era a esposa dele, que também levou um tiro mas, ao que fui informada, ela não corre risco de vida. A criança fugiu e se escondeu no matagal". A religiosa disse, ainda, ter sido polícia quem o levou ao hospital.

Para evitar novos atentados, o nome do hospital não foi informado.


Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Caso Battisti: STF atirou no que viu e matou também o que viu (artigo de um juiz baiano: Gerivaldo Neiva)



Diz o ditado popular que um ato pode ter consequência diversa daquela pretendida pelo executor, ou seja, uma pessoa pode atirar no que viu e terminar atingindo o que não viu. Em outras palavras, a pretensão era uma e o resultado foi outro.

No caso do julgamento do italiano Cesare Battisti, no entanto, os ministros do STF que votaram pela extradição quiseram este resultado, mas também quiseram, propositadamente, muito mais do que isto. Ora, depreende-se do teor dos votos que para alguns ministros o que estava em jogo não era a legalidade do ato do Ministro de Estado na concessão do asilo político a Battisti ou a interpretação da Constituição, mas a luta armada como forma de resistência e como luta revolucionária.

Voltando à história do "atirou no que viu e matou o que viu", penso que os ministros do STF que votaram pela extradição quiseram, em última análise, mandar um recado à sociedade brasileira e usaram o Battisti como exemplo, ou seja, deixaram de lado princípios do Direito Penal, Processual e Constitucional para dizer ao povo brasileiro que não concordam com mudanças, que abominam esta história de transformação social e, sobretudo, que não concordam com ações armadas revolucionárias.

Assim agindo, os ministros estão também querendo dizer que entre nós está tudo também resolvido; que não tem nada a ser revisto ou reinterpretado com relação à "nossa" (lá deles!) ditadura; que os militares foram vítimas de ações armadas de grupos revolucionários e que não se deve abrir velhas feridas.

Para tanto, precisaram condenar Cesare Battisti à extradição e prisão perpétua na Itália para, ao mesmo tempo, absolver os torturadores brasileiros. Ao contrário, caso evitassem a extradição de Battisti, os ministros do STF estariam, ao mesmo tempo, revelando a legitimidade de sua luta e condenando, antecipadamente, os torturadores brasileiros que continuam impunes. Para a maioria dos ministros do STF, portanto, o julgamento da ADPF 153, que pretende uma nova interpretação da Lei de Anistia, tornou-se absolutamente desnecessário. Será a crônica de um julgamento anunciado!

Por fim, a maioria do STF quedou-se à pressão do "mundo civilizado ocidental" e violou seu precedente de jurisprudência (confira) ao extraditar Battisti. De outro lado, revelou a clara tendência de construir um novo e covarde precedente: manter sangrando feridas que nunca se fecharam e corpos insepultos.

Gerivaldo Neiva, Juiz de Direito da Comarca de Conceição do Coité - Bahia


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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Governo quer dar poder de polícia às Forças Armadas


06/11/2009

Governo quer dar poder de polícia às Forças Armadas

Projeto prevê que militares possam revistar pessoas e fazer prisões

Exército, Marinha e Aeronáutica poderão revistar pessoas, veículos e instalações, além de fazer prisões em flagrante, conforme novo texto da Lei Complementar 97, a que o Estado teve acesso. Em resumo, as Forças Armadas vão ganhar mais poder de polícia e proteção legal para realizar operações como policiamento de favelas ou retenção de aviões de traficantes. A lei, que respalda a Estratégia Nacional de Defesa, deve ser enviada ao Congresso neste mês e dará força ao ministro da Defesa, que perde o atual perfil decorativo. As três Armas receberão reforços de pessoal e equipamentos. A Marinha terá mais três batalhões de fuzileiros navais; o Exército ganhará oito brigadas e 21 pelotões de fronteira. A Aeronáutica terá mais três bases na Amazônia.

Governo Lula quer dar poder de polícia às Forças Armadas

Projeto prevê que Exército, Marinha e Aeronáutica possam revistar pessoas e fazer prisões em operações na fronteira

Tânia Monteiro, BRASÍLIA

As Forças Armadas deverão ganhar mais poder de polícia e proteção legal para realizar operações típicas de manutenção e garantia da lei e da ordem. Essas mudanças fazem parte da proposta de novo texto para a Lei Complementar 97 - a que o Estado teve acesso. Em operações de vigilância na fronteira e demais ações ordenadas pelos poderes constituídos, Exército, Marinha e Aeronáutica podem revistar pessoas, veículos e instalações e fazer prisões em flagrante delito.

O projeto de lei - em fase final de formatação na Casa Civil, após aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do parecer favorável do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União - fortalece de maneira explícita o cargo de ministro da Defesa. Ele passa a ter comando operacional sobre as três Forças, que ficam efetivamente subordinadas ao poder civil. Na prática, o texto acaba com a concentração de poder nos comandos.

A proposta, que respalda a Estratégia Nacional de Defesa e deve ser enviada ao Congresso ainda neste mês, também enfrenta uma antiga reclamação dos militares, quando são convocados para atuar em ações repressivas, como a subida de morros ou trabalhos de proteção social na época das eleições.

Agora fica claro que a tropa, nessas ações, desempenhará "atividades militares". Diante de eventuais incidentes, seus integrantes serão julgados por tribunais militares, e não pela Justiça comum, como ocorre hoje.

Alguns soldados, que fizeram vigilância nas favelas e participaram em 1994 e1995 das Operações Rio I e Rio II, respondem até hoje a processos na Justiça comum, quando estavam sob ordens do Exército. Sem proteção legal, são obrigados a pagar seus próprios advogados nos tribunais civis. Os soldados que estão no Haiti, na Missão de Paz das Nações Unidas (Minustah), são protegidos por legislação especial: fazem trabalho de polícia, mas na condição de militares.

Marinha e Aeronáutica ganham o poder de polícia que, hoje, só o Exército tem nas operações de repressão e prevenção nas fronteiras. Esse poder, que tinha vínculo só com ações de fronteira seca, passa a valer também no mar e nos rios jurisdicionais.

Para a Aeronáutica, um direito novo e específico: com base na chamada Lei do Abate, caças e aviões de interceptação da Força - que já têm o poder de controlar e perseguir o chamado tráfego aéreo ilícito, obrigando uma aeronave a fazer pouso forçado - poderão prender pilotos, tripulantes e passageiros em flagrante e entregá-los às autoridades judiciárias.

A proposta pretende evitar situações como a da semana passada. Um pequeno avião carregado com 150 quilos de cocaína foi interceptado e obrigado, após ser alvejado com dois tiros de abate, a pousar em uma fazenda de Cristalina (GO), a 140 quilômetros de Brasília. Até avisar e mobilizar a Polícia Federal, a Aeronáutica, que não tem poder de prisão, deu tempo para os tripulantes fugirem.

PODER CIVIL

A legislação, que trata da doutrina, organização, preparo e emprego dos militares, reforça a subordinação do poder militar ao poder civil eleito com a criação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Será instância no mesmo nível hierárquico dos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

O projeto de novo marco legal diz que a nomeação dos comandantes será feita pelo presidente da República, "por indicação" do Ministro da Defesa, e não mais apenas "ouvindo" o ministro. No emprego das Forças Armadas, a subordinação continua sendo ao presidente da República, mas por intermédio do ministro da Defesa. Hoje a subordinação não passa pelo ministério.

"A mais importante mudança é a subordinação operacional das três Forças ao Ministério da Defesa", avaliou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional. Embora, na prática, a postura do ministro Nelson Jobim já tenha mudado o funcionamento hierárquico e operacional das Forças, legalmente, lembrou Jungmann, seu posto poderia ser encarado como o de uma "rainha da Inglaterra".

Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Segurança aprova proteção a defensores de Direitos Humanos


A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado aprovou hoje o Projeto de Lei 4575/09, que trata da proteção a testemunhas e defensores de Direitos Humanos. A comissão rejeitou o 2980/04, que institui o Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

O relator da proposta na comissão, deputado José Genoíno (PT-SP), apresentou parecer contrário à proposta do deputado Eduardo Valverde (PT-RO) para adotar o projeto do Poder Executivo.

Proteção das entidades
A deputada Pérpetua Almeida (PCdoB-AC) defendeu o parecer aprovado. "Nosso projeto vai além da proteção das vítimas. Ele também apoia a luta, o reconhecimento e a proteção dos militantes dos direitos humanos ou das entidades. De certa forma, as entidades que fazem a discussão e a proteção dos direitos humanos nunca tiveram proteção."

Perpétua Almeida afirmou que todas as pessoas, e não apenas as jurídicas, terão, a partir da aprovação da lei, a proteção do Estado quando testemunharem ou denunciarem violações contra os direitos humanos.

Tramitação
O projeto ainda vai ser analisado pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovado, seguirá para o Plenário.

Agência Câmara
Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

Começa hoje a consulta pública do edital de leilão da usina de Belo Monte

05/11/2009

Autoprodutor terá energia de Belo Monte

Disposta a participar do consórcio que disputará a construção do megaprojeto hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, a Alcoa tem enfrentado resistências de empreiteiras em aceitá-la como sócia na futura usina de R$ 16 bilhões. "As empreiteiras não gostam muito porque querem preços maiores", diz o presidente da Alcoa América Latina e Caribe, Franklin Feder, que insiste na necessidade de participação do autoprodutor para garantir energia a grandes indústrias consumidoras. O edital da usina entra hoje em consulta pública. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os autoprodutores poderão garantir entre 10% e 30% da potência instalada de 11.233 MW. Os consórcios que tiverem autoprodutores ganharão benefícios para vender parte maior da energia no mercado livre.

Autoprodutor pode ter 30% da energia de usina

Danilo Fariello, de Brasília 

Começa hoje a consulta pública do edital de leilão da usina de Belo Monte, que pode registrar o retorno da participação de grandes indústrias nos consórcios para a construção, que está orçada em R$ 16 bilhões. A consulta pública promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ficará aberta a comentários até o dia 11.

O leilão está previsto para ocorrer no dia 21 de dezembro, envolvendo o fornecimento de energia a partir de 2014, por 30 anos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, os autoprodutores de energia poderão garantir entre 10% e 30% da potência instalada de 11.233 MW.

Desde 2003, com o novo marco regulatório do setor, os autoprodutores de energia perderam o direito de garantir para si parte da energia produzida pelas novas usinas, tendo de concorrer como qualquer outro grande consumidor no lote destinado ao mercado livre. Com a nova previsão, pelo menos cinco empresas - CSN, Gerdau, Vale, Votorantim e Alcoa - já manifestaram interesse em participar dos consórcios, investindo para garantir suprimento.

Pela norma, os consórcios que tiverem autoprodutores como sócios terão benefícios para vender parte maior da energia produzida em Belo Monte no mercado livre. Isso daria maior ingerência sobre o retorno financeiro do negócio. Com autoprodutores, os consórcios poderão vender até 30% da energia no mercado aberto -ou o excedente até esse limite, além do que o autoprodutor reservar para si. Sem as indústrias, a venda ficaria limitada a 10%.

Para Mário Luiz Menel da Cunha, presidente da Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia (Abiape), isso não garante a participação dos autoprodutores nos consórcios concorrentes. "Como as empresas serão minoritárias nas sociedades, podem ser impostos a elas ágios pelo preço da energia ou exigências de parcela de investimento acima do que elas receberão da geração." Elas podem ter de investir 15% do total, sendo que receberão apenas 10% da energia produzida, diz.

Os autoprodutores, porém, deverão sugerir na audiência pública mais garantias para participar nos leilões. Segundo Cunha, a reserva da produção para os autoprodutores era um pleito da entidade junto ao governo, mas, sem outras garantias, as empresas podem ficar fora dos leilões.

A Abiape vai apresentar dois pedidos durante a audiência pública: que a empresa que levar sua produção para perto da usina e conectar-se diretamente a ela tenha mais vantagens em questão de preço, e que haja o chamado "alívio de exposição", ou seja, que a indústria lotada no Sudeste que adquirir energia de Belo Monte não corra o risco de variações de preço entre os diferentes submercados do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Hoje, essas variações entre as diferentes regiões do país são comuns e podem ser elevadas em períodos de escassez de chuvas em determinadas regiões. Segundo Cunha, o "alívio de exposição" não é algo novo, tendo já sido usado no leilão da hidrelétrica de Itá, no Estado de Santa Catarina.

O governo federal espera, ainda, publicação da licença prévia para construção da usina pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Sem a licença, o leilão não poderá ocorrer.

O edital da usina de Belo Monte é apresentado em meio a diversas discussões sobre seu impacto na região do rio Xingu, no Estado do Pará. Diversas entidades locais já se manifestaram contra a realização da obra. Ontem à noite, o Greenpeace projetou um documentário feito no Xingu na parede lateral do Ministério das Minas e Energia, como protesto contra a instalação da usina.

Hoje, representantes indígenas estarão em Brasília para levar uma carta mostrando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Edison Lobão os impactos da construção da usina na região. O bispo do Xingu, dom Erwin Krautler, enviou recentemente carta ao presidente. Para o bispo, "Belo Monte terá consequências nefastas e irreversíveis. Em vez de progresso, trará a morte."


Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

Governo acusa Rio Grande do Sul de criminalizar movimentos sociais

Governo acusa Rio Grande do Sul de criminalizar movimentos sociais

05/11 - 13:20 - Lucas Ferraz, iG Brasília

Relatório aprovado por uma comissão da Secretaria Especial de Direitos Humanos, ligado à Presidência da República, acusa o governo do Rio Grande do Sul, da tucana Yeda Crusius, de criminalizar os movimentos sociais.

O documento do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, de outubro, estende a crítica também aos demais poderes do Estado, como o Ministério Público, que chegou a pedir a extinção do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

"Pode-se concluir que esse processo de intimidação e criminalização esteja elevado ao nível de uma política de Estado dos Três Poderes, por não se tratarem de ações isoladas e esporádicas, e por haver repressão com violência contra protestos tanto do movimento sindical e estudantil, como dos movimentos sociais", diz parte do texto.

Entre os exemplos citados pelo governo no relatório está a morte de um sem-terra, em agosto, durante a reintegração de posse de uma fazenda em São Gabriel.

Segundo Fernando Matos, coordenador do programa de proteção aos defensores dos direitos humanos da secretaria e um dos responsáveis pelo relatório, desde o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, no Pará, um integrante do MST não era morto pela polícia durante uma reintegração de posse.

Na reintegração da fazenda em São Gabriel, segundo documento do governo, pelo menos 30 pessoas - entre crianças e adultos - ficaram feridos com sinais de tortura policial.

Procurado pela reportagem do iG na tarde desta quarta-feira, o governo do Rio Grande do Sul não quis se manifestar, dizendo que isso ficaria sob responsabilidade da Brigada Militar (equivalente à Polícia Militar). Até o momento, contudo, o órgão não respondeu.

No relatório, a Secretaria Especial de Direitos Humanos faz 28 recomendações ao Estado, como criar um órgão para intermediar conflitos agrários.

Um dos pontos mais criticados é uma instrução da Brigada Militar que permite cadastrar membros de organizações sociais. Essa instrução, editada pelo governo gaúcho em outubro de 2007, diz que, "em situação de normalidade", devem ser fichados todos "acampamentos e assentamentos" e "possíveis lideranças e entidades envolvidas".

Até "protestos" e "ocupações pontuais de caráter reivindicatório" devem caber ações por parte da Brigada Militar. "A questão no Rio Grande do Sul é política", comenta Fernando Matos. "Me assusta essa situação em um Estado com tradição revolucionária e progressista."

O relatório do governo federal foi encaminhado a vários órgãos, como o Ministério Público Federal, para providências, como a tentativa de revogar a instrução editada pelo governo Yeda Crusius. A procuradoria, contudo, ainda não se manifestou.


Fernando Matos
Coordenador Geral
Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos


Presidência da República
Secretaria Especial dos Direitos Humanos


Telefones: 61.2025-9994
               61.93032673

"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

terça-feira, 3 de novembro de 2009

MPF pede mais defensores públicos no Pará

MPF pede mais defensores públicos no Pará

29/10/2009 18h52

Judiciário não pode permitir que direitos da população carente sejam menosprezados, alerta procurador da República

Sem defensores públicos a população carente de recursos econômicos acaba sofrendo de mais uma carência: a de direitos. Para que essa situação não persista no Pará o Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça com uma ação em que pede mais defensores públicos da União para atuarem no estado com urgência.

Apesar de ter quase metade da população de 7 milhões de habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza e de 3 mil a 48 mil processos em cada uma das 12 varas da Justiça Federal (fora a Justiça do Trabalho, a Eleitoral, a Militar e as instâncias administrativas federais, onde os defensores públicos também atuam), o Pará teve direito a só dois dos 173 novos cargos de defensores públicos criados por medida provisória em dezembro de 2008.

A Defensoria Pública da União (DPU), instituição com status de função essencial à Justiça, é encarregada da prestação da assistência jurídica gratuita aos mais necessitados. No total, hoje há apenas seis defensores públicos no Pará, um para atuação em processos que tramitam no Tribunal Regional Federal, em Brasília, no Tribunal Regional do Trabalho e no Tribunal Regional Eleitoral, e cinco para atuação na primeira instância da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho, da Eleitoral, da Militar e em casos que tramitam na área administrativa federal.

Assinada pelo procurador da República Daniel César Azeredo, a ação pede a lotação de mais seis defensores públicos no Estado ou a retificação da portaria da DPU que distribuiu as 173 vagas, corrigindo-se a forma de cálculo do número de cargos por Estado. Para o MPF, nesse cálculo a prioridade deve ser dada aos Estados com população mais carente e não aos que têm mais varas federais, como foi feito.

"Não pode o Judiciário permitir que um direito tão indispensável ao cidadão continue a ser violado diariamente, sem real expectativa de quando essa violação vai ter fim", ressalta Azeredo no texto da ação. "Há localidades em que existem mais varas federais pelo fato da população ser extremamente grande, mas não necessariamente que seja uma população mais necessitada da atuação da DPU", complementa o procurador da República.

Processo nº 2009.39.00.011124-0 - 2ª Vara Federal em Belém


Assessoria de Comunicação
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Fernando Matos
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PAC da Segurança engatinha após 2 anos

FOLHA DE S. PAULO – COTIDIANO

 
Neste ano, 76% do investido foi para ajuda de custo a policiais e a outros profissionais que fazem cursos de cidadania a distância
Não foi liberada verba para construção de presídios para jovens adultos; R$ 600 mi estão retidos à espera da aprovação de projetos
ALAN GRIPP
EDUARDO SCOLESE

Alardeado pelo Planalto como um divisor de águas da participação federal na segurança pública, o programa oficial conhecido como o PAC da Segurança pouco avançou.


Até agora, cerca de dois anos após ser lançado pelo presidente Lula, o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) pode ser resumido a um programa de distribuição de bolsas de estudo.


Em situações de crise, inclui o oferecimento de homens da Força Nacional de Segurança Pública aos governadores.


Neste ano, a cada R$ 4 desembolsados, R$ 3 foram para o Bolsa-Formação, uma ajuda de custo mensal para policiais, bombeiros, guardas municipais e outros profissionais que participem de cursos de cidadania a distância. Isso consumiu R$ 484 milhões (76% dos R$ 638 milhões aplicados no programa de janeiro a outubro).


O restante da verba foi para outras modalidades de bolsas, projetos sociais pilotos e poucas ações de infraestrutura.


Nenhum centavo foi liberado até agora para a construção dos presídios para jovens adultos (18 a 24 anos) e às unidades específicas para mulheres, uma das ações mais propagandeadas do Pronasci e com início de obras previsto para 2008, segundo anunciou o ministro Tarso Genro (Justiça).


Enquanto isso, pelo menos R$ 600 milhões estão retidos nos cofres à espera, principalmente, da aprovação de projetos que envolvem obras e a realização de licitações.


No caso dos presídios masculinos, os 11 projetos apresentados pelos Estados ainda estão sob análise da Caixa e apenas um, no Pará, encontra-se em fase final. Os presídios femininos estão em situação pior. Nem o projeto básico (que servirá de modelo) está pronto.


Entre os projetos que saíram do papel, o problema está na restrição de alcance. É o caso do Território de Paz, que prevê um conjunto de ações sociais em locais de conflito. Seu índice de aceitação é bom, segundo pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, mas em dois anos só foi implantado em dez comunidades de todo o país.


No Rio, o braço pacificador do Pronasci está limitado ao Complexo do Alemão. Pouco para a cidade que, estima-se, tem 500 favelas sob o controle de traficantes ou milicianos.


Essa ação também não apresenta resultados imediatos. Na semana passada, a Folha esteve em Itapoã, no Distrito Federal, uma das sedes do projeto, e lá a rotina de violência não foi interrompida, a ponto de grades separarem comerciantes e fregueses.

Superdimensionado

 
O Pronasci foi superdimensionado tanto nos bilhões a serem investidos como no número de ações. É vendido como um programa de 94 ações, muitas, porém, desmembradas só para efeitos de estatística.

Quando lançou o programa, em agosto de 2007, Lula resumiu o objetivo do governo federal: "Vamos apertar o cerco do Estado contra o banditismo e estreitar os laços de cidadania com as populações e os lugares mais vulneráveis".
Hoje, o ministério reconhece as dificuldades em executar alguns desses projetos e diz que esse é o preço de um programa que propõe um pacto federativo. Apesar disso, afirma estar satisfeito com os recursos já carimbados e aposta que o programa vai deslanchar.
 
O tema da segurança tem sido um ponto comum de tensão entre Planalto e governos estaduais, com queixas de despreparo, falta de investimento e políticas públicas equivocadas.
 
O exemplo mais recente ocorreu com a derrubada de um helicóptero da PM no Rio por traficantes. Tarso disse que o que acontece por lá é "efeito de 30 anos de abandono". O governo do Rio retrucou: disse que a União deveria assumir sua responsabilidade no combate ao tráfico.
 

Tarso Genro, que comanda o programa federal, é pré-candidato do PT ao governo do RS.


Fernando Matos


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Justiça mais ágil para presos de Minas Gerais

Justiça mais ágil para presos de Minas Gerais

Reportagem feita pela parceria portal Comunidade Segura e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública

mutirao_defensores_FNDP.jpgQuem chega ao prédio da Defensoria Pública (DPMG) de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se surpreende. Entre pilhas de autos processuais, 43 defensores, vindos de 11 estados, do Distrito Federal e da União, trabalham para agilizar a análise de processos de execução penal da comarca, que tem cinco presídios. 

Minas Gerais é o primeiro estado a receber a Força Nacional da Defensoria Pública (FNDP), uma conjunção de esforços entre o Ministério da Justiça, a Defensoria Pública Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a Secretaria da Reforma do Judiciário e do Conselho Nacional de defensores públicos Gerais (Condege). Criada em agosto, a Força Nacional tem por objetivo levar o defensor a presos que têm direito a benefícios pela Lei de Execução Penal (LEP), mas continuam encarcerados por falta de acesso à justiça.

Segundo o coordenador da Executiva Nacional, Rodrigo Duque Estrada, "a idéia da criação da FNDP é contrapor a Força Nacional de Segurança, que tem a idéia da prevenção do crime com a repressão, mostrando que a Força pode ter um outro lado", explica.

 A FNDP é constituída sempre que um estado requisitar ajuda. O pedido pode ser feito pelo defensor geral ou por autoridade pública à presidência do Condege. Os defensores são escolhidos entre aqueles que se candidatam à força-tarefa, sendo todos voluntários, recebendo somente a diária de viagem para o trabalho. É o princípio da solidariedade entre as defensorias. A defensoria local fornece a base e a logística para a tarefa. Em Neves, por exemplo, foram alugadas mais cinco salas no prédio da defensoria para os trabalhos, devido à quantidade de processos.

O defensor Raimundo Filho diz ter ser voluntário da Força é um dever. Para ele, este é um momento histórico da defensoria a favor da democracia e do Estado Democrático de Direito. "Não podemos permitir que presos possam permanecer tendo direitos esquecidos quando existe uma instituição vocacionada para a defesa destas pessoas", explica. "A pena é feita para a ressocialização do preso e não para a vingança. Quando se permite que ela passe do previsto, ela torna-se uma vingança contra o preso", opina.

Segundo dados do Ministério da Justiça, Ribeirão das Neves abriga atualmente 5.147 presos. Destes, 3.710 foram condenados, 1.437 estão em regime provisório e 20 em medida de segurança. Isso equivale a cerca de seis mil processos ativos e 11 mil guias de execução. No entanto, segundo o coordenador de política prisional da DPMG, Fabiano Bastos, a comarca conta apenas com dois juízes e dois defensores, o que justificou o pedido da Força em Minas Gerais. O próximo estado da federação a ser contemplado será Pernambuco.

processos_FNDP.jpgAtendendo ao pedido, a Força Nacional fica em Minas de 19 a 26 de outubro. Já no seu quinto dia de atuação, foram analisados 1.991 processos, sendo que destes, 926, ou seja, 46,5% de benefícios de presos, tais como progressão de regime, pedido de prisão domiciliar, prescrição, extinção da punibilidade, entre outros, já estavam vencidos.

Segundo Rodrigo Duque, isto significa que os presos já deveriam estar nas ruas, mas ainda se encontram encarcerados por falta de capacidade do Judiciário. A idéia é que até o fim da tarefa, 3.500 processos sejam analisados.

Para Fabiano Bastos, é um prejuízo para o preso cumprir uma pena para além do que foi imposta. "Isto é falta de cidadania", ressalta. O estado também economiza ao investir em ações da defensoria. Em Minas Gerais, segundo Bastos, gasta-se cerca de R$ 2 mil por preso, "não sendo vantagem manter ninguém encarcerado por mais tempo", explica.

No tempo restante, a FNDP vai realizar o atendimento de presos nas unidades prisionais e verificar as condições das mesmas. Ao final, será produzido um relatório para a Secretaria de Reforma do Judiciário e o Condege. Segundo Bastos, a presença de um defensor de um órgão autônomo na questão prisional é fundamental. "Somente uma instituição autônoma pode fazer denúncias nas violações de direitos humanos. Assim, podemos propor uma ação quando a carceragem não condiz com as regras da LEP", exemplifica.

Defasagem

Segundo Rodrigo Duque, o ideal era que as defensorias não precisassem de auxílio. No entanto, o Brasil ainda tem dois estados que nem dispõem da instituição. De todos os estados brasileiros, apenas Paraná e Santa Catarina não têm Defensoria Pública estruturada conforme manda a Constituição da República de 1988. No último dia 19, foi comemorado o Dia Nacional da Defensoria Pública e o atraso da região sul do País em relação à questão foi lamentado pela Associação Nacional dos Defensores Públicos.

No Paraná, existe um serviço estatal de assistência jurídica à população, mas o mesmo não está organizado de acordo com a Constituição. Já em Santa Catarina, segundo a associação, está sendo adotado um modelo de privatização do serviço que deveria ser realizado pela Defensoria Pública. Porém, a sociedade civil está bastante mobilizada e realiza uma campanha intitulada "Defensoria Pública de Santa Catarina: direito sonegado".

"Dos estados do Sul, apenas o Rio Grande do Sul conta com uma defensoria forte, estruturada e bastante organizada. Isso é uma pena, pois a Constituição Federal determina que é direito fundamental de todo cidadão ter acesso à assistência jurídica integral e gratuita, serviço que deve ser prestado pela Defensoria", comenta o presidente da Associação Nacional, André Luís Machado de Castro.

Apesar de ter uma Defensoria Pública instalada, em Minas Gerais, a situação ainda é complicada: das 290 comarcas, 118 não tem defensor. De acordo com dados da Associação dos Defensores Públicos de Minas Gerais (Adep), a remuneração dos defensores no estado é inferior à média nacional e está entre as três piores da federação.

Dos 1.200 cargos criados, apenas 465 estão lotados. Segundo o defensor público e diretor secretário da Adep, Eduardo Cavalieri, a média é que a cada 12 dias um defensor deixe a carreira. A situação é confirmada por Fabiano Bastos. "Os profissionais acabam desistindo da carreira por causa dos baixos salários e das condições de trabalho", lamenta. "Há uma debandada", conclui. 

soltura_preso_FNDP.jpgSegundo Cavalieri, o investimento na Defensoria Pública traria mais economia para o estado. Onde não tem defensores, o estado é obrigado a arcar com advogados dativos, não tendo nenhum controle sobre estes gastos. Segundo ele, de acordo com uma pesquisa da Adep, pela quantidade de peticionamentos e audiências realizadas pelos defensores de Minas, eles receberiam, caso atuassem como advogados dativos para o estado, baseado na tabela de honorários da OAB, uma remuneração de 50 a 300 mil reais. "Além da economia com os salários, ter uma defensoria significa que o estado teria controle sobre o trabalho dos profissionais através de relatório e prestação de contas do orçamento", explica.

Para a população as vantagens também seriam maiores, segundo Cavalieri. "Sem uma defensoria, as pessoas ficam sem referência quanto à defesa de seus direitos. Além do mais, aquele que não tem acesso ao Judiciário, mas somente ao Executivo e Legislativo porque vota, não é cidadão", explica.

No Rio de Janeiro, a situação parece ser diferente. Segundo Rodrigo Duque, dos 700 cargos criados, todos estão providos. Houve a equiparação entre os salários da defensoria, do Ministério Público e da Magistratura. "A carreira foi valorizada", comemora. Além do mais, segundo ele, a defensoria consegue atender a todas as unidades prisionais, o que não acontece em Minas, que conta com apenas 15 defensores que se revezam para a visita de presídios.

A DPMG, no entanto, pretende modificar esta situação. Para sanar a deficiência, um novo projeto foi apresentado ao Ministério da Justiça, mas ainda aguarda aprovação. É o Libertas quae sera tamen, cujo objetivo é destinar 60 defensores do próximo concurso para trabalhar na questão da execução penal.


Fernando Matos
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

‘Laranjas’ e boicote travam legalização da Amazônia

'Laranjas' e boicote travam legalização da Amazônia

Relatório da rede de inteligência fundiária do governo federal revela que o programa Terra Legal, que pretende regularizar 67,4 milhões de hectares da União na Amazônia, já detectou tentativas de uso de "laranjas", farta de estrutura e boicotes de fazendeiros e prefeitos.

Lançado há quatro meses, o Terra Legal é criticado por ambientalistas por supostamente permitir a legalização de terras públicas griladas. O relatório sobre a primeira fase do programa abordou quatro municípios do Pará, o Estado com o mais agudo conflito agrário no Brasil.

Terra Legal enfrenta uso de laranjas e falta de estrutura

Diagnóstico do governo mostra falhas no projeto de regularização fundiária

Segundo coordenador de programa que pretende legalizar 67,4 mi de hectares na Amazônia, problemas já foram solucionados


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Implementado há quatro meses, o programa federal Terra Legal, que pretende regularizar cerca de 67,4 milhões de hectares da União na Amazônia, já detectou tentativas de uso de laranjas, falta de estrutura e boicotes de fazendeiros e administradores locais.
É o que diz relatório da rede de inteligência fundiária, do próprio governo federal, ao qual a Folha teve acesso.
Composta por Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Polícia Federal, Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) e Ministério de Desenvolvimento Agrário, dentre outros órgãos, a rede foi criada para impedir tentativas de fraude no programa -criticado por ambientalistas por supostamente possibilitar a legalização de terras públicas griladas.
O documento sobre as "dificuldades de implementação" do Terra Legal avaliou o trabalho realizado nas cidades de Ulianópolis, Paragominas, Marabá e Novo Repartimento. Os quatro municípios ficam no Pará, o Estado com o mais agudo conflito agrário do país.
As análises do relatório se referem à primeira fase do programa, iniciada em junho nos 43 municípios que mais desmatam na Amazônia.
Em Ulianópolis, em apenas dois dias de acompanhamento, em julho, a rede detectou uma espécie de boicote por parte do prefeito, Jonas dos Santos (PTB), e de um "consórcio" de grandes proprietários rurais.
Santos, além de não ceder ônibus em número suficiente para levar colonos até o local onde ocorria o cadastramento para o programa, espalhou que os "atendimentos oferecidos não seriam prestados" de fato, segundo o relatório.
Ao mesmo tempo, pequenos produtores e assentados próximos às terras de alguns fazendeiros foram "avisados" pelos grandes proprietários de que não deveriam se cadastrar, sob o risco de sofrer represálias.
A reportagem não conseguiu localizar Santos e nenhum representante dos fazendeiros.
Em Paragominas, onde ocorreram "inúmeras dificuldades", homens de aproximadamente 20 anos apareceram dizendo ser donos de lotes recebidos de seus pais -possível tentativa de desmembrar grandes fazendas ilegais para regularizá-las em separado.
Outros levavam os documentos de suas supostas mulheres para conseguir iniciar o processo de titulação. Quando era dito a eles que retornassem com elas, não o faziam. Para o relatório, esses são "indícios de utilização de laranjas".
Na mesma cidade, houve problemas com a própria estrutura do programa: desde "escassez de equipamentos eletrônicos", como computadores e impressoras, até quantidade insuficiente de gente para realizar o serviço e demora no pagamento de diárias.
Problemas parecidos foram identificados em Marabá, com o acréscimo de falta até de cartilhas que explicassem aos posseiros o que fazer.
Outro ponto que atrapalhou as ações foi a falta de apoio de funcionários do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária), segundo o relatório. O órgão nega.
Segundo Carlos Guedes, coordenador do Terra Legal, o relatório teve como objetivo apenas mostrar o ambiente que os técnicos enfrentarão, e os problemas citados aconteceram no início da implementação, mas hoje estão em sua maioria resolvidos.
"De julho para cá, vários desses elementos que a gente enfrentou foram reconstituídos positivamente", disse ele.
Os "desafios" atuais, disse, se referem à contratação das empresas para fazer o chamado georreferenciamento (localização por coordenadas geográficas) das áreas e à modernização dos cartórios, para dar segurança jurídica aos títulos que forem dados a posseiros.
Marco Antonio Delfino, um dos procuradores da República que fiscalizam o programa, discorda. Para ele, o governo está subdimensionando as dificuldades da regularização fundiária na Amazônia.




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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

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NASA fotografa pôr do Sol na atmosfera

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Triste Justiça

FOLHA DE S. PAULO – EDITORIAL 02/08/09

Triste Justiça 

Levantamento do CNJ revela casos de pessoas que permanecem presas com pena já cumprida ou à espera de julgamento

A PRISÃO de um lavrador no Espírito Santo, durante 11 anos, à espera de um julgamento que nunca ocorreu, é mais um escândalo que compromete a imagem do Poder Judiciário no Brasil.

 
O episódio, que a Folha trouxe à luz na semana passada, não é um fato isolado. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça revela casos igualmente graves de indiferença, insensibilidade e desrespeito à pessoa humana em outros Estados da Federação.

 
A título de exemplo, no Maranhão, uma pessoa permaneceu presa durante oito anos para cumprir pena fixada em quatro. Em Pernambuco e no Piauí, foram encontrados presos já absolvidos pela Justiça -se é que esta palavra pode ser empregada para designar um serviço público tão ineficaz. Exame mais aprofundado revelaria casos semelhantes por todo o país.

 
Nesse cenário, é elogiável o esforço desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça. Inspeções em 13 Estados resultaram na libertação de 3.831 presos em situação irregular. É de esperar que, além desta providência, sejam punidos os responsáveis pelos abusos encontrados.

 
O caso do lavrador capixaba impressiona, ainda, pelo imobilismo da defesa. Ele só foi libertado por iniciativa de um agente do sistema carcerário que não se conformou com a situação. Um dos grandes problemas que afetam a Justiça Criminal é precisamente a falta de assistência judiciária aos que não têm recursos para contratar advogados.

 
Mesmo onde as chamadas defensorias públicas estão instaladas de forma mais ou menos satisfatória, réus são representados em juízo por defensores que nem mesmo os conhecem pessoalmente. Realizam uma defesa meramente formal, que evita a nulidade do processo, mas não é, de fato, substantiva.

 
Além da omissão, a crise da Justiça Criminal se agrava pelo aumento sistemático da massa carcerária e pelo crescimento significativo, nos últimos anos, do número de presos provisórios, ainda não condenados, estimado pelo CNJ em 446,6 mil.

 
Aquilo que deveria ser uma exceção está se tornando uma regra: em 1995, o número de presos provisórios representava 28,4% do sistema prisional do Brasil; hoje, representa 42,9%. Em Alagoas, 77,1% dos presos ainda não foram definitivamente julgados; em Minas Gerais, 67,2% vivem a mesma situação.

 
Se o Poder Judiciário tem o dever de punir com severidade aqueles que delinquiram, não pode esquecer da contrapartida que dele se espera, a obrigação de fazer cumprir as normas processuais, com cuidado e rigor técnico, e também a legislação relativa à execução penal, aplicando com eficiência e agilidade os benefícios devidos a cada detento, como a progressão de regime e a liberdade condicional. Lei existe para ser cumprida.

 
Infelizmente, todo o sistema falha. Os governos, a magistratura, o Ministério Público e as defensorias não têm cumprido o seu dever a contento. Tão grave quanto à impunidade que assola o país é este quadro de ilegalidade que atinge milhares de presos e suas famílias, vítimas de um triste desserviço público.


"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

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domingo, 2 de agosto de 2009

Elétron entra em fio quântico e divide-se em duas novas partículas

Elétron entra em fio quântico e divide-se em duas novas partículas

Que Universo complicado: do microcosmo até o infinito...Isso faz a crise do Senado parecer tão insignificante!!

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Igreja Católica inglesa faz alerta contra torpedos e e-mails

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Aproveite o texto das apresentações

Aproveite o texto das apresentações

Por Maria Isabel Moreira

31 de julho de 2009


Depois de uma apresentação pronta, você pode querer usar o texto contido nos slides em um relatório ou outro documento qualquer. Em vez de copiar e colar o conteúdo de cada slide no processador de textos, no PowerPoint 2007 acesse o Botão do Office e acione o comando Salvar Como > Outros Formatos. Em seguida, selecione a opção Estrutura de Tópicos/RTF na lista Tipos. Dê um nome para o arquivo ou use o mesmo da apresentação. Depois, abra o arquivo RTF criado no seu editor de textos preferido. Essa solução, no entanto, funciona apenas para textos inseridos nos espaços reservados do PowerPoint. Informações adicionadas em formas, smartarts e caixas de textos não são exportadas para documentos RTF. A dica funciona também com versões anteriores do gerador de apresentações.

Excelente dica de produtividade.

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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ordem dos Advogados do Brasil - Conselho Federal

Levantamento do CNJ revela que Justiça gasta mais e não melhora

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Folha Online - BBC Brasil - Vinho tinto aumenta libido feminina, diz estudo - 27/07/2009

Vinho tinto aumenta libido feminina, diz estudo

Uma pesquisa de uma universidade italiana afirma que o consumo moderado de vinho tinto pode aumentar a libido sexual feminina.
As mulheres --todas consideradas sexualmente saudáveis-- responderam questionários com 19 perguntas sobre sexualidade. Os questionários medem o índice FSFI (Female Sexual Function Index, em inglês), uma medida usada em outros estudos científicos sobre sexualidade feminina.

O grupo que apresentou os maiores índices de desejo sexual, de acordo com as respostas dos questionários, foram as mulheres que consomem uma ou duas taças de vinho por dia.

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Folha Online - BBC Brasil - Cacique diz que índios da Amazônia precisam de "guerreiros políticos" - 31/07/2009

Cacique diz que índios da Amazônia precisam de "guerreiros políticos

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Base espacial brasileira pode sair de Alcântara

Vitória dos Quilombolas e dos defensores dos direitos humanos! Matéria completa no link:

inovacaotecnologica.com.br

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Energia Paraguaia


Excelente análise do Ségio Leo, no Valor, sobre a questão do acordo de Itaipu.

A usina de Itaipu não existiria se não fosse pela capacidade do Brasil para contratar os financiamentos que permitiram a obra. Sem as águas que fazem parte do patrimônio paraguaio também não haveria hidrelétrica. O Brasil resolveu velhas disputas de fronteira com a usina, e se beneficiou enormemente da geração barata de energia proporcionada por ela. O que mais pesou, porém, para o acordo firmado na semana passada entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo sobre o uso da energia de Itaipu foi o raciocínio político. Nada a ver com águas passadas.

Existem ponderações técnicas e econômicas contrárias e em favor do acordo. Em contrário, está o custo que representará para o Brasil o aumento do preço da energia
vendida ao mercado brasileiro pelo Paraguai, vizinho que sempre se beneficiou com a renda de uma usina que não lhe custou nada e foi construída sem riscos para o país. Esse argumento, levado ao extremo, obrigaria os brasileiros a torcer pela eterna miséria do Paraguai.

Afinal, como os paraguaios têm direito à metade da energia da usina e só vendem ao Brasil o que lhes sobra, o desenvolvimento do Paraguai levaria o país a absorver parcela cada vez maior da geração da hidrelétrica, forçando o mercado brasileiro a apelar para fontes de energia mais caras. A torcida pelo subdesenvolvimento paraguaio pode ter seus organizadores, mas não ajuda as autoridades policiais e de imigração do Brasil, ocupadas com problemas importados da vizinhança.

Quem defende maior liberdade e preço ao Paraguai na venda da energia lembra que os produtores de petróleo não são questionados em seu direito de cobrar o máximo
por seus recursos naturais, ainda que investimentos em pesquisa e exploração tenham
sido de empresas privadas. Os países entram "só" com o petróleo e cobram caro por
ele.

A receita de Itaipu garante ao governo paraguaio o ingresso de cerca de US$ 900
milhões anuais nos cálculos da própria hidrelétrica - quase 13% do orçamento anual
do país, duas vezes e meia os gastos de investimentos do orçamento de 2009 e sete
vezes os custos estimados do programa local de transferência de renda a famílias em
extrema pobreza.

A tradição paraguaia no uso das receitas de Itaipu não é da melhores. A debilidade de
gestão e o instável quadro político do país levantam dúvidas sobre a capacidade do
governo Lugo para aplicar os ganhos com a usina. As primeiras manifestações críticas
sobre o acordo, no próprio Paraguai, mostravam preocupação sobre o uso do dinheiro
que irá para a administração Fernando Lugo.

Seja bem gasta ou não a receita de Itaipu, qualquer governo que preveja o crescimento no Paraguai terá de buscar alternativas ao uso de pelo menos parte da energia de Itaipu hoje comprada do país. Evidentemente, terá, também, de negociar prazos para quaisquer mudanças futuras - como parece ser o caso no acordo firmado em termos genéricos por Lula e Lugo, que, aliás, poderá ser destrinchado no Congresso.

Essas negociações terão pela frente a chamada linha dura do governo Lugo: o ministro de Relações Exteriores, Héctor Lacognata, o vice-ministro, Jorge Lara Castro, e o engenheiro Ricardo Canese, dirigente do Movimento Popular Tekojoja, de esquerda, um dos principais negociadores de Itaipu. Posto à margem, há um personagem interessante, o presidente paraguaio de Itaipu, o ex-senador do partido Liberal e expresidente do Congresso paraguaio, Mateo Balmelli.

Técnico com ambições políticas, Balmelli foi quem primeiro apontou para o caminho seguido nas discussões dos dois governos, e que, na prática, trocou a reivindicação inatingível de venda da energia paraguaia de Itaipu a terceiros países, e pôs, em seu lugar, a ideia de vender essa energia no mercado livre brasileiro e reajustar uma parcela da tarifa paga pela Eletrobrás aos paraguaios. Balmelli diz que a venda da energia de Itaipu pelo Paraguai no mercado livre do Brasil abre portas para a integração das duas matrizes energéticas. E deve ser complementada por outra medida do acordo, a permissão da venda de energia paraguaia de outras fontes, nas mesmas condições, o que permitirá uma melhor gestão do potencial hídrico de Itaipu, defende ele.

Entusiasmado, chegou a dar o acordo por concluído quando ainda se engalfinhavam brasileiros e argentinos na mesa de negociações, da qual foi excluído. Operou paralelamente, mantendo contatos com Samek, com o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, com gente do gabinete de Lugo. Deve vir ao Brasil em breve para tentar convencer os parlamentares brasileiros da necessidade de aprovar a solução defendida por ele. Vale a pena ouvir o que tem a dizer. Deve contribuir para rechear o debate que vem por aí com argumentos técnicos e com a proposta de oportunidades de negócios de geração no Paraguai.

Em maio, ao encontrar com Lula, Lugo recebeu informalmente o pedido de aplacar os radicais, caso conseguisse apoio do Brasil para a venda da energia no mercado livre. O paraguaio se recusou, confiando, aparentemente, que movimentos populares e aliados no Brasil, como frei Beto, pressionariam o governo Lula por maiores concessões ao Paraguai. Estava errado, claro. Agora, fraco, Lugo arrancou vantagens, mas também cedeu, ao aceitar que os acordos passem pelo Congresso antes. E parece ter assumido o compromisso de cessar as queixas, caso se execute o acordo.

Lula explicitou seu interesse em garantir a "governabilidade" para Lugo, tirando-o do corner em que havia se metido ao sustentar a campanha à presidência na promessa de "resgatar a soberania" paraguaia sobre Itaipu. Esse objetivo político orientou as negociações e explica decisões como a de atropelar a Receita Federal ao decidir a alíquota que será cobrada dos sacoleiros que aceitarem legalizar suas operações.

O problema, para Lula e Lugo, é que o dinheiro de Itaipu não compra a governabilidade no Paraguai. E o paraguaio terá de provar, ao próprio país, que tem capacidade para fazer mais que arrancar a ajuda do companheiro mais rico, para cumprir promessa de campanha.