FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Tailândia
MATHEUS PICHONELLIda Agência Folha
O governo do Pará prepara uma megaoperação para retirada da madeira extraída ilegalmente e apreendida, no início da semana, em Tailândia (218 km ao sul de Belém).
O trabalho foi suspenso na terça-feira, devido a um confronto entre policiais e 1.000 pessoas contrárias à fiscalização.
O comando da tropa de intervenção da Polícia Militar na cidade informou que, desta vez, está preparado para conter manifestações envolvendo até 20 mil pessoas, número equivalente a quase um terço dos 67 mil habitantes do município.
No conflito do início da semana, uma ponte na entrada da cidade foi interditada por toras incendiadas jogadas na pista.
Manifestantes ainda depredaram o fórum da cidade e retiveram em uma serraria um grupo de fiscais estaduais e federais.
Hoje, os 200 policiais da elite da PM, deslocados de Belém para Tailândia, deram uma demonstração pública de força, na tentativa de desestimular eventual tentativa de organização de um novo protesto.
Portando coletes à prova de balas, escudos, armas pesadas --como metralhadoras-- e de efeito moral, PMs passaram o dia enfileirados em locais de grande movimentação. As passarelas de pedestres que cruzam a PA-150 foram ocupadas pelos policiais. Agentes da Polícia Civil circularam durante todo o dia em carros pretos.
Homens do serviço de inteligência da PM se infiltraram entre moradores, para detectar eventuais mobilizações. Até o início da noite, nenhum confronto havia sido registrado.
Segundo a Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), a retirada dos 13 mil metros cúbicos de madeira apreendidos --suficiente para lotar mais de 700 caminhões-- só será iniciada após trabalho de pacificação. Para isso, o governo pode adotar ações emergenciais.
De acordo com o secretário de Governo do Pará, Cláudio Castelo Branco Puty, a apreensão de madeira não necessariamente vai causar desemprego em massa na região, conforme argumentam os madeireiros. O governo do Estado quer cadastrar trabalhadores das madeireiras e distribuir 5.000 cestas básicas para ajudar quem eventualmente perder seus empregos, segundo a Sema.
Um leilão com a madeira apreendida será promovido pelo governo, o que deve render aos cofres públicos pelo menos R$ 4 milhões, segundo estimativa do governo. Metade do valor deve ser revertida em ações de requalificação profissional, e outra parte, para custear as operações e equipar agentes fiscalizadores.
Segundo o secretário, o objetivo é que a cada R$ 1 arrecado com o leilão, o governo invista R$ 0,50 em ações sociais.
Para as madeireiras e carvoarias, a Sema anuncia que agilizará os processos de licenciamento ambiental.
Os empresários alegam que a demora na concessão do documento os empurra para a ilegalidade. Segundo a secretaria, em Tailândia só há 22 madeireiras e seis carvoarias licenciadas. Outras 57 madeireiras e 40 carvoarias aguardam autorização.
Hoje, fiscais do Ibama transferiram para o Estado a responsabilidade pela guarda e movimentação do produto
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