quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Defensores dos Direitos Humanos enfrentam críticas em Israel

De Marius Schattner (AFP)
JERUSALÉM — As associações de defesa dos Direitos Humanos israelenses passam por um momento difícil no país, criticadas na imprensa, por políticos e pelas autoridades por sua participação na comissão Goldstone, da ONU, que investigou violações dos DH durante a ofensiva do exército de Israel na Faixa de Gaza para combater o grupo radical islâmico Hamas, entre 2008 e 2009.
"No clima criado depois da ofensiva em Gaza, há um ano, e dos protestos internacionais que isso provocou, nós aparecemos cada vez mais como uma praga", disse à AFP Nirit Moskowitz, porta-voz da Associação de Direitos Civis em Israel (ACRI).
"Nos acusam de colaboração com o inimigo por ter testemunhado na comissão Goldstone da ONU", declarou a ativista.
A comissão da ONU, presidida pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, acusou Israel e os grupos palestinos armados de crimes de guerra durante a ofensiva israelense em Gaza, lançada em 27 de dezembro de 2008 e encerrada em 18 de janeiro de 2009, na qual morreram 1.450 palestinos e 13 israelenses.
"Demos nossa contribuição a essa comissão porque o governo se negou a instalar uma comissão de investigação independente sobre as violações das leis de guerra durante a operação", indicou Moskowitz.
Treze ONGs israelenses, entre elas a ACRI, denunciaram na semana passada uma "campanha sistemática" de desprestígio no país.
As organizações afirmam que alguns de seus membros foram convocados para interrogatório pelo Shin Beth, o serviço de segurança interna de Israel, e pela polícia.
Além disso, protestam contra as declarações incendiárias de alguns ministros, como Moshe Yaalon, da pasta de Assuntos Estratégicos, que acusou os defensores dos direitos humanos de "destruir Israel de dentro para fora".
Depois da publicação do relatório Goldstone, a organização nacionalista Im Tirtzu atacou violentamente a
New Israel Fund (NIF), associação filantrópica que financia projetos de algumas das ONG criticadas.
A Im Tirtzu aponta que "92% dos depoimentos prestados à comissão Goldstone" foram dados por ONGs financiadas pela NIF.
O popular jornal Maariv, por sua vez, afirmou que os "herdeiros da esquerda sionista apóiam os que negam a Israel o direito de existir".
Um deputado do partido oposicionista Kadima (centro), Oniel Schneller, chegou a sugerir a apresentação de um projeto de lei para proibir doações estrangeiras para as ONGs questionadas.
"A crítica é legítima, mas não quando ataca o interesse superior do Estado e da nação", declarou Schneller à AFP.
"O fato de que a NIF desenvolve uma ação positiva no campo social não justifica que ajude nossos inimigos", acrescentou Schneller.

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Fernando Matos
"Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontram." André Gide

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