terça-feira, 19 de abril de 2011

Pastoral da Terra aponta estabilidade em conflitos agrários


O relatório 'Conflitos no Campo no Brasil 2010', divulgado nesta terça-feira pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), informa que o número de conflitos por terra permaneceu "praticamente estável" (854 em 2009 e 853 no ano passado), enquanto as ocupações e acampamentos diminuíram 38% (de 290 para 180), de um ano para outro. O número de novos acampamentos também permaneceu estável: 36 em 2009 e 35 em 2010.

De acordo com o relatório, os problemas de expulsão e ameaças de expulsão de trabalhadores, pistolagem, despejo e ameaças de despejo tiveram um "incremento significativo" de 21%, passando de 528, em 2009, para 638 em 2010. O maior número de conflitos por terra ocorreu no Nordeste (279 ou 43,7%), seguindo das regiões Norte (234 ou 36,7%), Sudeste (61 ou 9,6%), Centro-Oeste (37 ou 5,8%) e Sul (27 ou 4,2%). Sob o critério de regiões geoeconômicas, a Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos, sendo 46,2% nos Estados de Maranhão, Pará e Tocantins.

No ano passado, o número de famílias despejadas (9,64 mil) foi menor que o de 2009 (12.388). Também caiu o número de famílias expulsas das terras que ocupavam, de 1.884 para 1.216. Mas as ameaças de expulsão aumentaram de 10.423 para 18.625, de um ano para outro, assim como a ação de pistoleiros, de 9.031 para 10.274, um crescimento de 13,8%.

Os dados mostram que a diminuição das ações dos movimentos sociais foi acompanhada da queda das ações do Poder Judiciário (despejos e ameaças de despejo), "evidenciando a prática de aplicar os rigores da lei aos sem-terra". E "escancaram que o poder privado dos fazendeiros e empresários do agronegócio está sempre atuante e que nada pode deter os interesses do capital". A CPT conclui que "não é por causa da ação dos sem-terra que a violência no campo persiste".

Agência Brasil

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