terça-feira, 26 de abril de 2011

Terror no Riocentro: Após 30 anos, nova testemunha


Terror no Riocentro: Após 30 anos, nova testemunha

Homem viu Guilherme do Rosário manusear cilindro no Puma antes da explosão no Riocentro

Chico Otavio e Alessandra Duarte, O Globo

Na noite de 30 de abril de 1981, Mauro César Pimentel esqueceu a carteira no Fusca do amigo que o acompanhava no Riocentro. Foi buscar, e, na volta, passou pelo Puma que tinha ficado estacionado na frente do Fusca. Viu então o homem no banco do carona do Puma mexer numa espécie de cilindro que estava em seu colo. No banco de trás do carro, mais dois cilindros iguais ao da frente.

Mauro foi até onde tinha ficado seu amigo — e ouviram uma explosão, tão próxima a ponto de eles terem que se jogar no chão. Tinha acabado de passar para a História a bomba do Riocentro, que matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário — o homem no banco do carona que Mauro viu manusear o cilindro — e vitimou o capitão Wilson Machado, numa ação de insatisfeitos da direita com a então abertura política no país.

Mais tarde, diz Mauro, os cilindros do banco de trás sumiram. Na época, a imprensa chegou a publicar informações de que teria havido duas outras bombas dentro do Puma, que teriam sido desativadas por peritos no local.

Hoje corretor de imóveis, com 49 anos, Mauro Pimentel nunca havia contado sobre o que testemunhara. Resolveu falar após ver as reportagens publicadas pelo GLOBO anteontem e ontem revelando a existência de uma agenda de telefones de Guilherme do Rosário com nomes de integrantes dos meios militar e policial.

— Na época, eu tinha acabado de cumprir o serviço militar obrigatório e estava indo para a Polícia Militar. Até cheguei a comentar com um sargento do Exército do qual eu era mais próximo, e ele disse: "Se você quer seguir com a sua vida, nunca fale isso com ninguém". Nunca tinha falado nada nem para a minha mulher. Mas, agora, percebi que já se passou tempo suficiente, que eu podia falar sem que minha vida fosse prejudicada por causa disso — conta Mauro, que foi da PM de 1982 a 1996, quando pediu baixa para ir trabalhar como gerente de segurança em empresas da iniciativa privada.

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