Organizações cobram cumprimento de
sentença da OEA sobre crimes da ditadura
sentença da OEA sobre crimes da ditadura
Carta foi enviada às principais autoridades do país, entre elas a presidente Dilma Rousseff
Um documento com mais de 600 assinaturas foi entregue a representantes dos três Poderes da República para cobrar o cumprimento de uma sentença em que a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro por crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985).
A carta - enviada à presidente Dilma Rousseff, aos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Marco Maia, ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel - foi divulgada nesta sexta-feira (1º) no Rio de Janeiro. Na última semana, o abaixo-assinado chegou a receber adesões do exterior, principalmente de países latino-americanos.
No fim do ano passado, em decisão inédita, a Corte Interamericana, que pertence à OEA (Organização dos Estados Americanos), condenou o Brasil por não ter investigado crimes cometidos pela ditadura na repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.
Além disso, determinou uma série de medidas que precisam ser adotadas, como a busca pelos desaparecidos. Para a diretora do programa para o Brasil do Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional), Beatriz Affonso, a sentença não está sendo cumprida.
Segundo ela, o país é "absolutamente contraditório" quando acena com uma nova política de direitos humanos no plano internacional, mas se recusa a cuidar de seus próprios problemas.
- Não dá para dizer para os outros que a ditadura deles não é razoável, mas que a nossa pode.
Em 30 dias, foram recebidas 661 assinaturas: 175 de familiares de mortos ou desaparecidos políticos e ex-presos e perseguidos políticos; 102 de entidades da sociedade civil, nacionais e internacionais; e 384 de intelectuais, juristas, acadêmicos, artistas e defensores de direitos humanos.
Segundo Beatriz, a coleta vai continuar. A ideia é que, a cada 100 novas firmas acumuladas em cada uma dessas três categorias, o documento seja novamente encaminhado às principais autoridades do país. Uma versão do texto em espanhol começou a circular internacionalmente entre ONGs de outros países.
O processo da Guerrilha do Araguaia foi movido pelo Cejil, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo.
A alegação é de que ao menos 70 pessoas, entre militantes do PCdoB e camponeses, foram vítimas de detenção arbitrária, tortura, execução e desaparecimento, e que o Estado brasileiro não apurou os crimes.
Na sentença, o tribunal da OEA diz que a Lei de Anistia, de 1979, não pode ser usada para impedir a investigação e punição de crimes contra direitos humanos.
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