terça-feira, 3 de março de 2009

A lei da bala

28/02/2009


Gilberto Nascimento

Menos de quatro anos após a CPI da Pistolagem no Congresso Nacional, a ação dos matadores segue solta pelo Nordeste do País. Dois deputados federais do PT, Luiz Couto, da Paraíba, e Fernando Ferro, de Pernambuco, correm risco de vida, no momento, por causa de ameaças de pistoleiros, policiais e mandantes de crimes ligados a grupos de extermínio nos dois estados. 

Os parlamentares, ainda assim, estão sem proteção. Ferro pretende pedir segurança à Polícia Federal, ao menos para seus deslocamentos no interior. Couto vinha recebendo proteção até julho do ano passado, mas a escolta foi retirada por causa de um entendimento de que a segurança a um parlamentar não caberia à PF. “Perdi a conta do número de ameaças que recebi”, diz o deputado. 

Padre identificado com as correntes da Igreja Católica e relator da CPI que investigou os grupos de extermínio, em 2005, Couto teme a proteção dada por policiais de seu estado por causa das suspeitas de envolvimento de parte deles com a rede de pistolagem. A PF e autoridades policiais da Paraíba também são acusadas de negligenciar o pedido de proteção a testemunhas que fizeram denúncias nas CPIs da Câmara sobre o narcotráfico e o extermínio. Quatro delas já foram assassinadas. 

Procurada, a Divisão de Comunicação da PF informou que não há ainda uma posição tomada pela instituição a respeito do caso nem sobre os pedidos de proteção aos deputados. Na Secretaria de Segurança da Paraíba, assessores disseram que o secretário Gustavo Gominho tomou posse há uma semana – em razão da recente mudança de governador – e não teve tempo para conversar com o delegado que cuida do caso. 

Um dos autores das denúncias contra os grupos de extermínio, o advogado e assessor do deputado Ferro, Manoel Mattos, foi morto em 24 de janeiro. Ex-vereador em Itambé (PE), Mattos integrava a Comissão de Direitos Humanos da OAB pernambucana e era vice-presidente do PT no estado. Ele descansava com amigos na Praia Azul, município de Pitimbu (PB), a cerca de 40 quilômetros de João Pessoa, quando foi morto com um tiro de espingarda calibre 12. 

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