quarta-feira, 25 de maio de 2011

Belo Monte: projeto ruim em vários aspectos (Míriam Leitão)


NA CBN

Belo Monte: projeto ruim em vários aspectos

Várias empresas estão deixando o consórcio responsável pela usina de Belo Monte, segundo matéria de hoje do Estadão. É o desmonte do consórcio, que não se sustenta mais do ponto de vista empresarial. Segundo a reportagem, Galvão Engenharia, Serveng e Cetenco fizeram pedido formal para sair do consórcio Norte Energia. Nos próximos dias, a Contern, do Grupo Bertin, fará o mesmo. A J. Malucelli Construtora está disposta a se desfazer da sua participação, se houver interessado, e a construtora Mendes Júnior também deverá deixar o consórcio.

À época do leilão, escrevi que tinha vencido o pior consórcio. Não porque o outro fosse bom, mas se organizou, era mais sustentável. Mas o governo interferiu diretamente e organizou outro consórcio para mostrar que havia competição, juntando gente que não entendia bem do assunto. Ficou claro que o consórcio tinha dificuldades graves, que apareceram mais cedo do que se imaginava.

Há dúvidas sobre a viabilidade econômico-financeira desse empreendimento. Ningúem sabe quanto vai custar de verdade. É uma obra de grande porte com incertezas do ponto de vista ambiental, financeiro, de engenharia e quanto à capacidade de produção. O regime hídrico vai oscilar ao longo da vida útil da empresa; a capacidade de produção é de 11 mil megawatts, mas em alguns momentos, será de 2 mil megawatts. Ficará um elefante branco no meio da floresta, longe dos centros de consumo.

O empreendimento é quase estatal, os benefícios fiscais são exagerados. Há uma soma de incógnitas. A coisa mais sensata por parte do governo é interromper esse processo, deixá-lo de lado e pensar em outras formas de produção menos controversas e mais sustentáveis do ponto de vista ambiental. Esse projeto está cheio de problemas.

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