PCdoB: Dinho não será o último a morrer por defender a floresta
O presidente do PCdoB de Rondônia, Manoel Nery, lamentou a morte de Adelino Ramos, líder do Movimento Camponês Corumbiara, morto na última sexta-feira (27), em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho. Dinho, como era chamado, era membro da direção do partido e foi assassinado com seis tiros enquanto vendia frutas e verduras numa feira.
"Dinho foi mais uma vítima da violência no campo", afirmou Nery. Ele disse que assim como a falta de reforma agrária, a violência em áreas rurais é um dos principais problemas de Rondônia. "Dinho não foi o primeiro e nem será o último a morrer por essa causa", declarou.Segundo Manoel, o líder camponês nunca deixou de sofrer ameaças de morte desde o massacre dos Corumbiaras, de onde consegui escapar com vida. A direção do PCdoB/RO vai pressionar as autoridades para que o crime seja apurado e os criminosos punidos.
Contrabando
O secretário de Produção Rural do Amazonas, Eron Bezerra, esteve recentemente na casa de Dinho, no Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Curuquetê. O PAF fica localizado no sul de Lábrea (a 703 quilômetros de Manaus), com divisa entre os Estados do Amazonas, Acre e Rondônia.
Segundo Eron, Dinho estimava que saíam da área pelo menos 30 mil metros cúbicos de madeira e 20 mil cabeças de gado ilegalmente, por mês.
O secretário participou do velório e afirmou que a Sepror vai dar todo o apoio necessário à família e aos agricultores que ainda permanecerem no projeto de onde Dinho era o líder. "Estamos construindo 20 casas lá e apoiando a alfabetização daquelas pessoas. Isso não pode parar", afirmou.
A presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Amazonas, Izete Rabelo, também comentou a morte de Dinho. "Precisamos continuar defendendo a floresta mas sem derramar nosso sangre", declarou.
Policiamento
A Presidência da República vai se reunir segunda-feira (30) com os órgãos responsáveis para encontrar medidas para tentar diminuir a violência no campo e acabar com a impunidade no caso dos assassinatos motivados por questões agrárias e ambientais. A informação é do ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, que esteve na tarde de sábado no velório do líder camponês, Adelino Ramos.
O ouvidor atribui o crime à ausência de policiamento na região. "O delegado de Lábrea era um policial militar", disse. Gercino afirmou que o líder camponês já havia alertado o órgão para as ameaças de morte que vinha sofrendo desde 2009. "Encaminhamos vários ofícios para a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, Polícias Civil e Militar, delegacia de Polícia de Lábrea e para o Ministério Público, mas nada foi feito", declarou.
Gercino disse que pelo menos cinco homicídios no sul de Lábrea tiveram motivação agrária nos últimos quatro anos. Na reunião com a presidência, o ouvidor vai sugerir a criação da polícia florestal federal, com o objetivo de prevenir crimes semelhantes. "Se aprovada, essa polícia vai cuidar tanto do patrimônio florestal quando da vida dos trabalhadores da floresta", explicou.
Além do ouvidor agrário nacional, representantes do Incra e do ministério do Meio Ambiente estiveram no velório do líder do Movimento Camponês Corumbiara. A polícia federal também acompanhou o féretro.
O enterro do corpo de Dinho aconteceu na manhã deste domingo na cidade de Theobroma, aonde mora um de seus filhos.
De Porto Velho,
Mariane Cruz
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