terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Governo cria comissão para apurar conflitos agrários no Pará


Questão Agrária | 14/02/2011 | 17h41min

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Governo cria comissão para apurar conflitos agrários no Pará

Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana é presidido pela ministra do órgão, Maria do Rosário

Atualizada às 19h03min

Nesta segunda, dia 14, na primeira reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) presidida pela ministra do órgão, Maria do Rosário, os conselheiros aprovaram a criação de uma comissão especial para analisar e propor soluções de combate às violações aos direitos humanos na chamada Terra do Meio, região central do Pará.

Segundo a ministra, além de propor mecanismos para garantir o acesso da população às políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, como assistência técnica aos assentados em projetos de reforma agrária, a comissão vai analisar os aspectos do conflito agrário no estado. Algo que, de acordo com conselheiros que conhecem bem a região, está associado a uma enorme lista de outros crimes e infrações.

– Ali, tem sonegação de impostos, madeireiras ilegais, trabalho escravo, trabalho infantil. A coisa é muito mais extensa do que estamos conversando aqui – afirmou o assessor da Ouvidoria Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ademar Teles.

Para ele a solução dos problemas exige a presença efetiva do Estado na região.

– As próprias pessoas da região, entre eles os madeireiros, dizem que o Poder Público vai lá, mas logo vai embora e, aí, começa tudo de novo – complementou.

– Existem interesses grandiosíssimos, de gente poderosa e com grande influência política e econômica – alega o representante da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep), Roberto Freitas Filho.

Rosário defendeu os projetos de desenvolvimento sustentável como um importante modelo de desenvolvimento alternativo para o campo, com distribuição de terra e de renda.

– O problema é que existem setores resistentes à reforma agrária e que recorrem tanto à fraude quanto à pistolagem para impedir a atuação de projetos como o Esperança – referindo-se ao assentamento onde trabalhava a missionária norte-americana Dorothy Stang.

– Ainda temos muito o que caminhar para que não haja, no campo brasileiro, os grupos de extermínio e a pistolagem a serviço do grande latifúndio – completou Rosário.

Embora a violência não se limite à região do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, o tema voltou a merecer atenção da imprensa nacional no início do ano. Na ocasião, trabalhadores rurais assentados no projeto, madeireiros e pessoas que moram ilegalmente na cidade de Anapu (PA), quase entraram em conflito devido à extração ilegal de madeira do interior da área de reserva legal do projeto criado sob a inspiração de Dorothy.

A possibilidade real de um confronto levou o governo federal a enviar a Força Nacional para a cidade onde a missionária foi assassinada, em 12 de fevereiro de 2005.

 

AGÊNCIA BRASIL

 



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