A Polícia Federal começa a usar amanhã uma base de exames permanente em São Paulo para buscar a identificação de corpos de desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar (1964-1985) supostamente enterrados nos cemitérios paulistanos de Vila Formosa e Perus.
As atividades no novo posto de trabalho, viabilizado por uma parceria com o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo, terão como foco inicial a descoberta dos restos mortais do militante Sérgio Corrêa, da ALN (Ação Libertadora Nacional).
No início de dezembro, peritos da PF retiraram do cemitério de Vila Formosa várias ossadas de uma vala que provavelmente recebeu o corpo de Sérgio, de acordo com as apurações do órgão.
Jeferson Evangelista Corrêa, chefe de medicina forense do INC (Instituto Nacional de Criminalística da PF), afirma que serão feitos exames antropológicos nos restos mortais, o que inclui a verificação de arcadas dentárias, dimensões de ossos e características de sexo e idade.
Essas perícias permitirão uma triagem inicial para definir quais ossadas serão submetidas a exames de DNA.
Segundo Corrêa, o trabalho será feito em uma sala do IML em caráter permanente, com pelo menos dois peritos da PF e dois do instituto paulista até o final dos trabalhos de identificação.
MAIS RAPIDEZ
Anteriormente, as atividades de investigação foram realizadas em etapas e com interrupções, e agora a meta é dar um andamento mais rápido às apurações, de acordo com o perito da PF.
Na próxima segunda-feira vão ser retomados os trabalhos de busca da ossada do também militante da ALN Virgílio Gomes da Silva, supostamente enterrado no cemitério de Vila Formosa.
Nas últimas semanas, peritos de geofísica da PF analisaram fotos aéreas, mapas e registros antigos do cemitério para delimitar as áreas com maior probabilidade de ter recebido o corpo.
As ossadas eventualmente retiradas na nova etapa de exumações em Vila Formosa também deverão ser analisadas em São Paulo.
Em Brasília, equipes da área de genética do INC estão realizando exames de DNA em restos mortais recolhidos no cemitério de Perus em outubro de 2010.
A meta é identificar os corpos dos militantes de esquerda Luiz Hirata, da organização AP (Ação Popular), e Aylton Adalberto Mortati, do Molipo (Movimento de Libertação Popular), desaparecidos desde 1971.
A PF também prevê a realização de trabalhos nos cemitérios do Araçá e de Parelheiros nos próximos meses.
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